Uma nova vida para o amigo de todos Antônio Roberto Fernandes.
Conheci Antônio Roberto através de meu Pai, que era seu amigo.
Estva eu ainda estudando no Liceu, quando recebi de meu Pai com a dedicatória gentil do acadêmico de medicina Antônio Roberto, o seu primeiro livro de poesias.
Ali estavam as "Palavras ao cadáver":
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"Vejo-te os pés calejados
E me pergunto onde andaste
Quantos caminhos pisaste
Em busca de uma ilusão
Mas o mundo foi mesquinho
Teus caminhos se estreitaram
E o chão que teus pés pisaram
Foi todo pisado em vão.
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Vejo-te as mãos e imagino
Que bateram, trabalharam
E o quanto talvez vibraram
Em mil carícias de amor
Hoje estão encharcadas
De formol e de protesto
Num triste e último gesto
De desespero e de dor[...]
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[...]Cadáver, amigo estranho
Hoje ensinas a gente
A ver mais profundamente
O que a vida nos mostrar
E se há justiça de fato
Podes crer, eu não te iludo
Que a morte te dará tudo
Que a vida não soube dar."
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Antônio Roberto, médico, exímio funcionário do Banco do Brasil, poeta, pai amoroso, amante das letras e das artes, o mundo parece que não te merecia.
E tu vives agora a situação que descreveste nas palavras ao cadáver.
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Todavia, prometo a ti, Poeta Antônio Roberto, parodiando os teus versos que a tua Vida Nova te abrirá novas e sublimes possibilidades que a nossa estreita e limitada vida terrena não
nos pode oferecer.
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Esteja com Deus!
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