sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Coragem de Ano Novo



Refletindo sobre os nossos irmãos, particularmente os campistas, entre os quais conheço alguns, é possível sentir junto suas emoções do Natal. Foram provavelmente emoções de mágoa e melancolia, desesperança e frustração.

A perda do abrigo é uma das mais sofridas pelo ser humano. É o abrigo, a casa um dos sentimentos básicos do homem.


A hierarquia de necessidades de Maslow, é uma escala sugerida pelo psiquiatra Abraham Maslow, indicando que as nossas necessidades crescem e evoluem a partir das necessidades físicas até as espirituais. Maslow escalona então, cinco necessidades e as desenha em forma de a pirâmide. Ei-las :

1-Necessidades fisiológicas , fundamentais, como a fome , o sono, o sexo, a excreção;

2- Necessidades de Abrigo e segurança, que vão da necessidade de sentir-se seguro dentro de uma casa a formas mais elaboradas de segurança como um emprego, estabilidade, seguro-saúde, seguro de vida;

3-Necessidades sociais , sentimentos como ter família, pertencer a um grupo, estar em comunidade;

4-Necessidades de aprovação, do reconhecimento dos outros;

5- Necessidades de auto-realização, de transpor os limites, de ir além de suas supostas possibilidades.


Considerando que o Abrigo está na segunda etapa de necessidades básicas, é possível inferir que no momento em que se tem a exata sensação de se tê-lo perdido, perdido a segurança, tendo a sensação subjetiva de perda de proteção própria e de sua família, então é uma condição limite da alma.

Lendo o noticiário da imprensa campista, acompanhando os blogs que noticiam a tragédia ambiental que se abateu sobre nossa cidade, chegamos a conclusão de que perto de 10.000 pessoas passaram o Natal fora de suas casas, de seus ambientes próprios, por mais simples e pobres que possam ser. Isso significa que são dez mil pessoas feridas em uma calcanhar de Aquiles nuclear da alma humana. Sem contar com aqueles que tiveram também perdas humanas, o que apenas faz crescer enormemente a dor.

Sofrer isso no Natal é sempre uma marca melancólica na vida. Todavia, uma semana após o Natal é o Ano Novo e estou certo de que todas estas pessoas, mesmo passando a noite de 31 de dezembro de 2008 em abrigo, terá o coração pleno de Esperança.

Inexplicável esperança, mas real!

E é justamente esse movimento injustificável pela racionalidade humana que atribui-se ao Amor de um Deus bom e dispensador universal de bênçãos!
E é por isso, justamente por isso que é natural que o Ano Novo seja uma época que suscita Coragem em nossos espíritos. Coragem para cultivar esperança, coragem para doar-se, para despojar-se de bens materiais que apenas intoxicam o nosso espírito cansado de ambição e egoísmo.
Basta de individualismo. É chegado um momento própiro para a fraternidade e a solidariedade, para plantarmos as sementes de uma nova Terra, que esteja sob um novo céu, onde a Esperança norteará os projetos para o futuro próximo.

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