O Sermão do Monte é a plataforma do Reino de Deus na Terra. Não é tão simples segui-lo. Para obedecer, por exemplo, os Dez Mandamentos, é necessário reprimir as nossas más-tendências, como adulterar, furtar, ambicionar, matar. Entretanto, para obedecer ao Sermão do Monte é preciso mais que reprimir más inclinações. Reprimir é sempre um bom começo. Há tendências psicológicas que aconselham a catarse, mas um seguidor de Freud, Maslow, era favorável a que nós sublimássemos nossos impulsos. Considerava que não deveríamos ser escravos da instintividade. Desse modo, felizes os humildes. Pobre de espírito não é ser ignorante ou fraco de caráter, como é comum se dizer: “coitado, é um pobre de espírito”. Pobre em espírito é o verdadeiramente humilde. Jesus também agradeceu a Deus por ter revelado os temas mais sublimes coisas aos simples e por fazê-los velados aos sábios e orgulhosos. Ser pobre do ponto de vista psicológico é considerar-se sempre necessitado. Para quem é verdadeiramente pobre em espírito tudo é bem recebido. Nada lhes é demais. O orgulhoso é aquele que cobra da vida. Já disse alguém que ninguém é tão rico não tenha necessidade de nada e que ninguém é tão pobre que nada tenha para oferecer. Os pobres em espírito são também chamados também de “pobres de Deus”. Assim eles oram: “Senhor, Aumenta-nos a fé”, “Jesus, filho de Davi, tenha piedade de nós”, “Senhor, salva-nos, pois perecemos”, “Creio, Senhor, vêm em socorro de minha pouca Fé”. Jesus abençoa aqui não espíritos puros, mas espíritos humildes e arrependidos como o publicano, cuja prece é também a de um pobre: “Senhor, apieda-te de mim, que sou um miserável pecador.” Estes pobres em espírito acreditam que tudo é doação, é dádiva extra. As coisas, as amizades, o emprego, o ser atendido em último lugar, o receber uma esmola, a ajuda de um estranho. Em tudo ele vê uma graça de Deus. Sente-se sempre devedor da vida. O seu prêmio é o Reino do Espírito. Para o orgulhoso, o opulento em espírito, tudo lhe parece ser devido. As coisas, as amizades, as informações, os primeiros lugares, as honras, as prioridades, tudo parece um direito natural. Se não podem ser atendidos rapidamente, irritam-se. Se não recebem honras, indignam-se. Facilmente se ofendem. São pessoas de difícil relacionamento. Poucos conseguem agradá-las. Querem pressa e perfeição para tudo, sentem-se sempre credoras diante da vida. O prêmio deles é o mundo! Pobre é o pobre de desejo, de ambição, pobre de ilusões, de exigências, pobre do Ego. Ele é bem aventurado! Ele é feliz! Ele é bem sucedido espiritualmente, mesmo sentindo-se dependente de Deus.
Flávio Mussa Tavares
fmussa@mcampista.com.br
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