quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

So, This is Christimas


Desse modo, É Natal!


É Natal. É uma época em que há uma maior facilitação psíquica para a reconciliação e para o perdão!


Essa facilitação se explica pelo inconsciente coletivo produzindo uma egrégora favorável às emoções humanas que produzem a compaixão, a piedade, a ternura.


O Natal é como um Portal Psíquico poderoso que pode , repito, PODE, ser aproveitado por quem quiser! Se há desentendimentos, mal entendidos familiares, profissionais, não há momento mais apropriado para uma tentativa de reconciliação.


Inconsciente Coletivo é um conceito de Karl Gustav Jung, psiquiatra suiço, que considerava que os homens produziam um efeito na atmosfera psíquica de seu meio, que por sua vez exercia sobre cada individualidade também uma força.


Essa força exercida em alguns momentos de um grande movimento psíquicco coletivo sobre as predisposições individuais, facilitando ou dificultando uma percepção da realidade, pode-se chamar de Egrégora.


A Egrégora da época natalina é de superação, de perdão, de aceitação.


So (Desse modo), This is Christmas (É Natal!) !


Não percamos tempo!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Joga pedra no... Jobson?


Chico Buarque, em sua Ópera do Malandro imortalizou a hipocrisia humana farta de preconceito e crueldade na famosa canção Geni:


"Joga pedra na Geni, joga bosta na Geni. Ela é feita prá apanhar, ela é boa de cuspir. Ela dá prá qualquer um, maldita Geni."


Na dita Ópera, Geni salva a cidade ao aceitar a corte do comandante do Zepelin.


Jobson salvou o Botafogo.


Jobson é de origem paupérrima, não tem formação escolar, é totalmente dependente da estrutura de um clube para promover a sua recuperação.


Dependência Química é doença! O Código Internacional de Doenças, da Organização Mundial de Saúde a classifica com o código CID 10: F 12.


Há uma doença psíquica e uma grave questão social.


A nossa sociedade vive uma Epidemia de infestação de dorgas psicoativas lícitas ( assim chamadas por pura convenção) e ilícitas.


Por que agora abandonar o Jobson?


Será que a diretoria do Botafogo vai ser tão ingrata com o atleta que resgatou a dignidade de toda uma equipe, impedindo-a de uma recaída traumática na segunda divisão?


Será que a diretoria do Botafogo, não terá o famoso fairplay futebolístico para oferecer a mão amiga ao atleta humilhado por sua doença?


Jobson não tem no momento outro futuro que não seja o Futebol.


A sua dependência química pode ter o mesmo empenho em tratamento que uma lesão muscular.


Espero que o Tribunal de Justiça Desportiva não o julgue com dureza e que decrete o seu banimento do esporte. Isso é uma Pena de Morte. Isso é a condenação do pobre coitado a afundar-se de vez nas drogas.


Rogo clemência ao juizes do Tribunal de Justiça Desportiva para não perderem a aoportunidade de salvar um homem da desgraça social, moral e biológica.


Ajudem o Jobson!


Recuperem o Jobson!


Ele merece por que é um ser humano e por causa de sua inteligência corporal.


Que Deus perpasse o coração e as consciências dos juristas do Tribubal de Justiça Desportiva para que o futuro de um menino pobre não seja aquele que estava escrito e que ele estava em vias de reescrever.





sábado, 19 de dezembro de 2009

Nem todo remédio de baixo custo é "genérico"


Há um desconhecimento muito grande quanto à Lei dos Medicamentos Genéricos.


A Lei nº 9.787 é de 10 de fevereiro de 1999 e entrou em vigor em 9 de agosto de 1999.


Esta Lei cria três categorias principais de medicamentos:



1- Medicamento de Referência :

produto inovador registrado no órgão federal responsável pela vigilância sanitária e comercializado no País, cuja eficácia, segurança e qualidade foram comprovadas cientificamente junto ao órgão federal competente, por ocasião do registro.

Resumo: É o original. É o lançamento. Geralmente é o mais caro.


2- Medicamento genérico:

É um medicamento quase idêntico ao produto de referência ou inovador, que se pretende ser com este intercambiável, geralmente produzido após a expiração ou renúncia da proteção patentária ou de outros direitos de exclusividade, comprovada a sua eficácia, segurança e qualidade, e designado pela Denominação Comum Brasileira ou, na sua ausência, pela Denominação Comum Internacional.

Resumo: É uma cópia autorizada do original. É cerca de 30 % mais barato que o medicamento de referência.


3- Medicamento Similar:

É aquele que contém o mesmo ou os mesmos princípios ativos, apresenta a mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica, preventiva ou diagnóstica, do medicamento de referência registrado no órgão federal responsável pela vigilância sanitária, podendo diferir somente em caracteristicas relativas ao tamanho e forma do produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veículos, devendo sempre ser identificado por nome comercial ou marca.

Resumo: É um produto muito semelhante ao medicamento referência, embora não seja genérico. Gerlamente é mais barato que o de referência, podendo ser inclusive mais barato que o genérico.


Há entetanto, uma quantidade muito grande de medicamentos similares, bons e maus.

O máximo cuidado em comprar similares.


Cuidado com aqueles similares que são "empurrados" por balconistas. Podem ser medicamentos "bonificados", ou seja, os laboratórios dão maior porcentagem ao vendedor pela sua venda.


Eu recomendo procurar o original ou o genérico, de preferência de um laboratório reconhecidamente confiável.


Há bons similares. Se o laboratório é conhecido e confiável, é possível comprar os bons similares que são muitas vezes mais baratos que os genéricos.


sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Injúria e Difamação entre médicos



Meus amigos,

Desde o ano de 2007 especializei-me em Psiquiatria (não é Saúde Mental) na Universidade Estácio de Sá e estou em fase de registrar o meu certificado nanossa cooperativa para oferecer aos usuários mais uma opção nesta especialidadeem Campos.


Todavia, a notícia de que estou atuando em Psiquiatria já está me trazendo novos clientes. No dia 20/09/2009 atendi a uma adolescente, com sintomas de taquicardia, transpiração excessiva em momentos específicos, que lhe traziam mal estar e angústia.

Ao exame clínico, ausculta cardíaca normal, ausculta pulmonar normal, sem ruídos, pressão arterial 90x60 milímetros de mercúrio, normal para a idade. Havia também uma queixa de incontinência urinária no momento da ansiedade. Expliquei a ela e à sua mãe, que tratava-se de um quadro de Transtorno de Pânico e que era comum na idade, mas que ficaria curada em pouco tempo, pois não havia depressão e nem outros sintomas associados. Prescrevi uma medicação indicada em todos os protocolos atuais da Psiquiatria, para o caso.

A cliente retornou à consulta no mês seguinte, melhorada, sem sintomas de incontinência e ausência de crises de pânico. Em 22 de outubro próximo passado, devido a intercorrências escolares,o quadro piorou novamente e eu acrescentei mais uma dose diária da medicação e acrescentei outra de uso emergencial na forma sublingual.

No dia 24 de novembro, retornou à consulta sem sintomas novos e sentindo-se bem, tendo usado apenas uma vez a medicação sublingual.

Entretanto na primeira semana de dezembro, ela foi atendida com sintomas gastrointestinais em um hospital particular de nossa cidade, por uma médica , que, ao escutar as queixas da paciente questionar que medicamentos ela usava, acusou-me frontalmente, segundo a mãe e a própria paciente, de "ser louco, ter `cara' de louco".

Afirmou irresponsavelmente que eu não tinha especialização em Psiquiatria. Disse também que aquela medicação estava errada e que a prova era que os meus filhos eram doentes mentais.

Disse que meus filhos eram loucos e eu não conseguia tratá-los. Se não conseguia tratar meus filhos, como eu poderia tratar o dos outros.

Não tenho nenhuma relação com a referida médica. Nunca fui à casa dela, e ela nunca foi à minha casa. Nossos pouquíssimos encontros foramcasuais e até cordiais. Expliquei à mãe então que eu tinha um certificado de especialização em Psiquiatria e freqüentava congressos, tendo inclusive retornado de São Paulo recentemente onde encontrei vários colegas psiquiatras de nossa cidade.

Entretanto, dei liberdade a ela de procurar outro profissional. A mãe resolveu, em função dos resultados positivos até então, continuar sob os meus cuidados.

Sei que existem medidas legais e disciplinares no contexto de nosso Código deÉtica para questionar a colega.

A minha conduta na esfera psiquiátrica está respaldada em todos os protocolos de Transtorno de Pânico em idade infantil com sintomas de tenesmo e/ou incontinência urinária.

Não tenho vontade de reagir a esse insulto. Mas como evitar que essaprofissional reincida em suas insinuações, aleivosias e ofensas pessoaisenvolvendo familiares?

Não quero responsabilizar a direção do hospital por manter uma médica reincidente em atitudes antiéticas. Mas como evitar a possibilidade de que essasatitudes continuem não apenas em relação à minha pessoa, mas também em relação aoutros colegas?

Sei que diante do Conselho eu posso denunciar a ambos, mas não quero. Como agir diante de uma situação destas? Agindo com o rigor da lei? Ou tratando a mesma como uma pessoa enferma psíquica? Mas mesmo os doentes mentais devem teras suas regras de conduta e precisam ser contidos em sua fúria verborrágica e heteroagressiva.

Que fazer?
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domingo, 6 de dezembro de 2009

Prá não dizer que não falei do futebol


Esta é a minha primeira postagem em meu blog sobre esporte e mais especificamente, o futebol.
Só abro essa excessão por que meus filhos são flamenguistas. Pedro, professor de Biologia de duas escolas públicas e do Anglo, chorou ao ver o hexacampeonato, pois em 1992 ele tinha 8 anos. O mesmo digo da Juliana, professora de Física do IFF e do Anglo, que pouco se lembra do penta, quando tinha apenas 6 anos. Isabel, professora de Inglês do Anglo, não é muito interessada em futebol, mas gosta do Flamengo.
Saulo, o acadêmico de Medicina da UFF, está se acostumando a vidinha carioca de ir ao Maracanã. Foi um felizardo, pois assistiu hoje, de camarote, em pleno maraca lotado, ao primeiro título nacional do Flamengo de sua vida.
Frederico e Alexandre, gêmeos, 13 anos, pouco vibram, mas vibraram hoje, vestindo camisas do time e bonés, além de empunhar bandeiras no carro, na volta para casa.
Foi um jogo feio, pouco competitivo, mas o que valeu foi a emoção do título.
Mas o Flamengo mereceu!
Andrade (que carinha legal !) mereceu!
A equipe é de valor e ganhou antecipadamente todas as "finais" no segundo turno: São Paulo, Palmeiras, Internacional, Cruzeiro e Atlético Mineiro.
E termino parabenizando também o Vasco, campeão da série B; o Fluminense, que de modo hercúleo escapou da segundona e o Botafogo, que se segurou e ainda empurrou o Palmeiras, com a sua mancha verde raivosa e antiesportiva para fora da Libertadores.
Rendo também homenagem ao América, ao Goitacás, que quase chgou lá, ao Duque de Caxias e ao Macaé.
Todos esses times do nosso esquecido estado do Rio de Janeiro foram vitoriosos e são uma honra para o nosso povo!
Viva Rio!

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

CADA "UM" COM A SUA MANIA...(último artigo no Monitor)


É comum considerar que mania é um tipo de hábito ou rito do qual o indivíduo não consegue por si próprio evitar. Tecnicamente falando, trata-se do transtorno obsessivo compulsivo ou simplesmente TOC. E quando se diz que cada um tem a sua mania, pretende-se dizer que qualquer pessoa é vitima de alguma compulsão, mesmo que seja desconhecida de todos. Estatisticamente podemos relacionar as obsessões mais comuns:
Preocupação excessiva com sujeira, germes ou contaminação; Preocupação com simetria, exatidão, ordem, seqüência ou alinhamento.; Pensamentos, imagens ou impulsos de ferir, insultar ou agredir os outros; Pensamentos, cenas ou impulsos indesejáveis e impróprios relacionados ao sexo (idéias pervertidas, de sexo violento, pedofilia, taras); Preocupação em juntar coisas inúteis ou avareza patológica; Preocupação com doenças ou com o corpo; Excesso de escrúpulos religiosos ( culpas);
Superstições: Preocupação excessiva com números especiais, cores de roupa, datas e horários (podem provocar desgraças); Palavras, nomes, cenas ou músicas indesejáveis. Todas essas situações podem ocorrer na forma de pensamentos intrusivos que tem a característica de ser incontroláveis , produzindo um verdadeiro caos na vida da pessoa que sofre de TOC. Essas idéias obsessivas levam o indivíduo à atitudes incontroláveis que são as compulsões. As mais comuns são: Lavar mãos ou objetos interminavelmente, com um exagero pela limpeza e medo da contaminação; Verificar coisas repetidamente com várias confirmações; Contagens repetitivas; Busca da ordem, simetria, seqüências lógicas ou alinhamento; Colecionar coisas inúteis; Compulsões mentais: orações, repetição de palavras, frases e números,; Fazer listas, tentar afastar pensamentos indesejáveis, substituindo-os por pensamentos contrários; tocar, olhar, bater de leve, confessar, estalar os dedos. Por isso é que cada pessoa terá sempre algo a dever nessa conta do TOC. Diz o poeta Tagore: “Quando um filho nasce quer dizer que Deus não perdeu ainda a esperança na humanidade.” Portanto, é necessário lutar e buscar ajuda especializada, isto é psicólogos e psiquiatras de modo a não permitir que estes pensamentos estranhos a nós e o comportamento ritualístico não se transformem em entidades independentes que governam a nossa vida. Deus tem esperança em nós. Busquemos a liberdade por Ele. Liberdade não é fazer o que se pensa, isso é indisciplina. Liberdade é poder contrariar uma obsessão mental e vencer os atos compulsivos. Liberdade é autonomia e paz de consciência.
Flávio Mussa Tavares

domingo, 15 de novembro de 2009

O Monitor Campista pode ressuscitar...

Meus amigos ,
Proponho a criação imediata de um joral on line MONITOR DIGITAL, que poderia ter a direção do Vítor Menezes e a colaboração de todos que lutam pela manutenção do "espírito" do quase bicentenário jornal.´

Seria como se a alma do Monitor continuasse viva na dimensão digital até "reencarnar" de outra forma, com outra direção, seja através do município ou de iniciativa particular ou da iniciativa popular.

Na minha imaginação esse renascimento, ressurreição, reencarnação do MONITOR CAMPISTA deve ter como patrocinadores um CONSÓRCIO de investidores, do município e população organizada.

VIVA O MONITOR CAMPISTA!

sábado, 14 de novembro de 2009

DROGAS PSICOTRÓPICAS LÍCITAS ( Monitor Campista, 06/11)


Apesar de ser paradoxal, existem substâncias químicas que atuam no cérebro produzindo exaltação de humor e modificação nos afetos e que são aceitas pela sociedade. Apesar de “lícitas”, podem ser altamente prejudiciais. Calcula-se que nesta primeira década do século XXI a dependência alcoólica tenha crescido em cerca de 15%. Os dados são do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas. Quanto ao fumo, houve também crescimento no consumo da ordem de um por cento. A que se deve isso? A mídia? Estas porcentagens em valores absolutos são cerca de mais dez milhões de alcoólatras e 5 milhões de tabagistas. O cigarro não é mais propagado na TV e há um crescente constrangimento para o fumante em locais públicos, resultados de uma correta política antitabagista. Isso reflete no menor crescimento da dependência física à nicotina. Mas e o álcool. A propaganda da cerveja em horário próprio de público infanto juvenil certamente induz ao uso da mesma pelos adolescentes que após os primeiros goles sentem-se menos tímidos e mais bem aceitos no grupo. É o que se chama coisa de tribo. Quanto mais precoce o uso do álcool, maior a chance de dependência. Isso sem contar com os fatores genéticos. Já vi mães e pais orgulhosos de ver um filho bebendo. Permissividade ou irresponsabilidade? A venda de cerveja para menores também necessitava de uma melhor fiscalização. As festas de debutantes, onde a maioria da população é de menores, precisavam sofrer maior fiscalização. Sei que a justiça tem profissionais responsáveis por isso, mas creio que outros órgãos poderiam ajudar nesta fiscalização, inibindo o primeiro uso. Outro fator inibitório seria uma tarifação mais alta, com destinação para os programas de prevenção e tratamento de dependentes químicos. O uso de substâncias anfetamínicas nas fórmulas mágicas de emagrecer é outro fator preocupante. Tenho visto depressões e tentativas de suicídio em mulheres que abusam ou abusaram de anfetaminas e que são muito insatisfeitas com o seu corpo, o que constitui-se um transtorno mental classificado. Somos campeões mundiais em uso e abuso de anfetaminas. Tudo isso por causa da propaganda de que o corpo escultural é o ideal de toda mulher. Resultado: ansiedade, depressão e desagrado pela vida, gerando tentativas de suicídio. Rapazes também se drogam com anabolizantes para ficar musculosos, elevando o risco de doenças cardíacas e psíquicas. A busca exagerada por medicamentos em situações que poderiam ser solucionadas com uma psicoterapia também faz parte do imediatismo moderno. Vamos procurar uma solução?
(Continuará)
Flávio Mussa Tavares
fmussa@mcampista.com.br

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

NINGUÉM MORRE...




Recordando a data de Finados, gosto sempre de repetir: não existe uma categoria filosófica denominada Morte.
Existe a Vida e o que chamamos de “morte” é simplesmente um epifenômeno da vida.
Em outras palavras a Morte não é uma entidade independente como a representavam na Idade Média. Ela não é um ente per si. Ela faz parte do fenômeno Vida.
E é possível categorizar Vida como a vida celular propriamente dita. Entretanto, há evidências de que a vida está além da célula. Nós somos um corpo ou vivemos num corpo? Se o nosso arcabouço orgânico é a síntese da Vida, a morte representa o fim do Eu.
Os estudos com pacientes terminais demonstra que existe uma consciência que sobrevive a morte. Nos Estados Unidos, o Dr. Ian Stephenson publicou um livro com mais de 6000 páginas onde estuda mais de mil casos com evidência insofismável da sobrevivência do Eu à morte do corpo. O Dr. Raymond Moody Jr. estuda a tanatologia ou ciência da morte há mais de 40 anos. A Dra. Elizabeth Klüber-Ross descreve magistralmente os diferentes “momentos“ do morrer, demonstrando ela, que após a cessação da vida orgânica, a consciência continua a existir em outra forma de vida que ela não pode definir.
O psiquiatra americano Dr. George Ritchie vivenciou ele mesmo a experiência quase morte. O laudo “morto” foi escrito no prontuário que estava em leu leito em 1942, num dos acampamentos de Pearl Harbor no Havaí. Ele viu seu próprio corpo sendo reanimado pelo médico e não entendeu o que se passava. Correu para os corredores do hospital e ninguém o escutava. Pior, ninguém o via e teve ele a surpreendente sensação de ver uma enfermeira atravessar o seu corpo. Não acreditando no que estava ocorrendo, correu para o exterior do hospital e viu homens bebendo em um bar. Acoplados a estes homens, percebeu umas entidades sombrias que buscavam com todas as suas forças sorver o álcool de seus hospedeiros. Após essa cena desagradável, vislumbrou um outro ser que perguntou sobre a utilidade de sua vida e ele não soube responder. Mandou retornar ao corpo, quando então vê um acadêmico de enfermagem debruçado sobre seu corpo e começa a respirar. O futuro enfermeiro, vendo a reanimação cardiorrespiratória daquele que, alguns minutos antes, havia sido considerado morto, não coube em si de contente. O hospital em pouco tempo, recebe a notícia de que um soldado ressuscitara. Anos mais tarde esse soldado gradua-se em Medicina e especializa-se em Psiquiatria.
O Dr. Ritchie tem convencido a muitos da idéia de que a morte é simplesmente uma passagem de um nível de vida orgânico para um nível de vida quântico ou espiritual.
Flávio Mussa Tavares

sábado, 31 de outubro de 2009

MEDIDA SEM MEDIDA


O que é Saudade?
Pode-se emprestar à ela a acepção inglesa do missing, que é sentir falta!
Outros já tentaram associar a idéia de Saudade ao regret francês ou ao soledad do espanhol, mas tudo se redunda mais uma vez num reducionismo semântico. Sentir falta, lástima ou solidão, nada é tão profundo como o sentimento da saudade.
Disse alhures,meu Pai, Clóvis Tavares: A Saudade é o Metro do Amor!
Saudade é uma nostalgia da inocência original.
Só quem ama pode dimensionar essa sensação inefável.
Só quem tem essa saudade imensa pode verdadeiramente amar.
Ter saudade é como um rasgo de lucidez na escuridão da inconsciência.
É como um lampejo de alegria em meio à amargura.
É uma aspiração de alcançar uma nova dimensão.
É um Portal de um outro Espaço-Tempo.
Contou meu Pai, em palestra na Escola Jesus Cristo, no dia 18 de maio de 1952: “Uma pequenina descendente de condes e barões foi raptada do castelo onde morava, quando colhia flores no jardim, por um grupo de ciganos. Cresceu e foi educada entre eles, habituando-se à vida errante e cheia de atropelos. Um dia, a sua alma “despertou”. Ela sonhou que uma bela fada chegou junto a ela e disse: “Aqui está um castelo que é seu. Volte para sua casa”. E os sonhos se sucederam noites após noites. E a jovem não pôde resistir aos sucessivos apelos oníricos.”Seu pai está no castelo esperando por você, até hoje, sem saber onde você está, ”dizia a voz. Então , ela fugiu, em busca do castelo, esperando encontrá-lo".
Encontrará? Perguntamos todos.
E concluiu Clóvis Tavares: “Cristo também tem um castelo e está a nossa espera. Nossas almas foram raptadas pelos ciganos de nossas paixões, mas a voz de um anjo de luz, que é a voz da Fé, está sempre a nos lembrar de nosso castelo no Céu. Por isso, a alma humana tem momentos de lucidez e se abate quando se recorda do castelo celeste. Queremos nós sair de nosso estado de seqüestro espiritual?”
É preciso depurar a nossa Saudade, para que busquemos as aspirações mais sublimes da alma. É preciso amar mais, esperar mais, confiar mais, pacificar mais, perdoar mais, sentir mais, compadecer-se mais, preenchendo os vazios existenciais de nossas almas e convertendo a saudade em ação no bem.

Flávio Mussa Tavares

sábado, 24 de outubro de 2009

SOBRE O NOVO ENEM


Não sou professor, mas tenho uma grande alegria. Sou filho de professores e pai de três professores. De seis anos que passei na UFRJ, quatro dediquei-me à monitoria de Parasitologia, onde pude ter a grata experiência pedagógica. Apesar gostar de ser médico, confesso que há em mim uma pequena frustração por não ser professor. Mas como a vida começa aos cinqüenta, ainda tenho esperanças de um dia ser professor. O ENEM está em evidência, pois sua última edição foi furtada Não obstante a idéia de um exame nacional ser bem simpática a mim, apresento aqui o pensamento cuidadoso de minha filha Juliana, professora de Física do Anglo e do IFF, que escreveu para mim a sua avaliação do Exame Nacional do Ensino Médio. Reproduzo então nesta coluna o texto da Professora Juliana Rocha Tavares:


No Brasil, infelizmente, as mudanças costumam começar do final, não do início, como era de se esperar. Um exemplo disso é o novo ENEM. Prepara-se uma prova inovadora, com conteúdos contextualizados e interdisciplinares e aplica-se a alunos ‘treinados’ em uma educação altamente específica, conteudista, baseada em fórmulas e decoreba. Os livros didáticos e os professores adestram os alunos para o antigo vestibular (ou simplesmente: não preparam para nada) e os alunos, de repente, deparam com um novo tipo de prova, para a qual nunca puderam se preparar. O ideal seria que, inicialmente, os gestores da educação, assessorados por uma equipe de professores de diferentes disciplinas definissem quais conteúdos são realmente necessários para o desenvolvimento do aluno. Essa definição não deveria se pautar em interesses comodistas que buscam uma relação nem sempre perfeita de conteúdos que já são ensinados com algumas situações que supostamente ocorrem no dia-a-dia. Acredito que pensando de uma forma mais ousada e sem apego a conteúdos tradicionais, mais da metade das fórmulas, nomes, conceitos, esquemas, problemas tão difíceis como improváveis, iriam desaparecer completamente da educação brasileira. A partir de então, um grupo de professores começaria a preparar o material didático inovador, interdisciplinar, com menor carga de conteúdos e exercícios repetitivos. Esse material em várias mídias poderia ser distribuído por todo o Brasil, estando sujeito, é claro, a pequenas adaptações locais. A partir de então, os professores passariam por cursos de atualização e treinamento, a fim de melhor encaminhar o processo inovador de ensino-aprendizagem. Consequentemente, novos alunos estariam aptos, num contexto de uma educação renovada. Por fim, aptos para melhor encarar a vida e também aptos para o novo ENEM, que seria um retrato da vida.”

sábado, 10 de outubro de 2009

Desigualdade entre pobres e ricos (Monitor, 03/10)


Desde 2004, com um retorno do crescimento econômico do nosso país , aconteceram efeitos positivos no mercado de trabalho. Os dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontaram que o rendimento dos trabalhadores mais pobres cresceu proporcionalmente mais do que o dos mais ricos entre 2002 e 2008. Isso significa que a atual gestão econômica do Brasil reduziu a desigualdade de salários existente entre esses dois grupos. Essa redução doi da ordem de 7% .


Há um marcador econômico, chamado Índice de Gini. Este índice é o indicador de desigualdade de renda, que varia de zero a 1 (quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade). O índice de Gini caiu de 0,540 em 2002 para 0,509 em 2007.


“Até o final do mandato do presidente Lula o índice de Gini deve chegar a 0,49, o menor desde 1960", afirmou então o presidente do Ipea, Marcio Pochmann.


Aproveitei as considerações acima para comentar sobre a Lei Social do Evangelho. Jesus pregou a Justiça Social que deveria começar pelo coração dos homens. Jesus pregou as multidões e não esqueceu-se de alimentá-los. Jesus pediu ordem ( que se assentassem em grupos de 50 e 100) e ficassem tranquilos. Jesus pediu que os que tivessem algo em poder particular fosse oferecido ao coletivo.


Jesus com a ordem e com o despojamento, produziu a multiplicação. Organização e desapego aos próprios bens. Fazer tudo com decência e ordem como nos disse Paulo de Tarso. Altruísmo, desapego: eis os ingredientes do milagre.


O alimento na Terra multiplica-se com a organização social e com o amor ao próximo, convertendo a sobra de alguns ou a fartura de alguns ou a opulência de alguns poucos. na sobrevivência de muitos. E Jesus aliou o amor ao próximo à caridade da palavra. Ensinar os que comem a viver.


Ensinar os que alimentam o corpo, a alimentar as suas almas com aquela comida que nunca se dissolve na bioquímica da assimilação alimentar. Jesus, o pão da vida, quer a justiça aliada ao amor. Essa é a equação mais simples e a mais difícil de ser solucionada em nosso mundo governado pelo egoísmo.


A crescente sofisticação da sociedade moderna ou pós-moderna muda rapidamente os valores morais e a relação interpessoal. O Brasil, apesar de estar em excelente fase econômica, principalmente com a coqueluche do momento que é o pré-sal, vive um dilema social. A constituição é de esquerda e garante conquistas sociais. Mas o mundo ainda é capitalista e o nosso país vive esta esquizofrenia social. Avanços existem e a arte é viver no drama sem dramatizar tudo.




Flávio Mussa Tavares
fmussa@mcampista.com.br

domingo, 4 de outubro de 2009

Sobre a Doação de Leite Humano


10 coisas que toda pessoa precisa saber para apoiar a doação de leite humano


1. Informe-se. Pesquise. Procure conhecer mais sobre o que é um Banco deLeite Humano e sua importância para a vida de tantos brasileirinhos. Comece porwww.redeblh.fiocruz.br . É um bom começo. Informação é como vacina. Informar-seé o primeiro passo.


2. Divulgue. Espalhe o que sabe. Conhecimento disseminado é conhecimentomultiplicado. Isso faz despertar o interesse nos outros sobre o tema. Issomultiplica apoiadores.


3. Ofereça apoio à mulher que amamenta. Uma nutriz apoiada produz maisleite. Uma nutriz apoiada é forte candidata a doar o leite que lhe sobra.


4. Ofereça carona. Uma mulher amamentando pode encontrar dificuldades dese locomover de casa até o Banco de Leite Humano. Grande parte do leite quepoderia estar sendo doado se perde por conta da falta de transporte para adoadora. Carona, além de solidariedade, é um exemplo de como o apoio gera frutoimediato: o leite doado.


5. Incomode-se. Procure restaurantes, supermercados, vendas, armazéns,quitandas e mercearias e arrecado frascos de vidro. Estes são essenciais adoação do leite humano e estão cada vez mais raros de se conseguir. A simplesangariação de frascos de vidro que iriam para o lixo pode resolver problemasgravíssimos de estocagem, coleta e armazenamento para o Banco.


6. Incite. Procure sua Igreja, seu Templo, seu Grupo de Oração, suaAssociação de Moradores, a Torcida Organizada de seu time, o Grêmio de suaEscola, o Centro Acadêmico de sua Faculdade. Mobilize esses grupos a sesensibilizarem a favor de nossos prematuros. São eles os principais favorecidospelo trabalho do BLH. São os principais prejudicados quando o estoque do BLHcai. Se cada um desses grupos oferecesse um pouco de apoio o placar viraria afavor da doação do leite que é alimento e é vida.


7. Comunique-se. Entre em contato com o Banco de Leite de sua cidade.Informe-se. Colaborar não ocupa espaço no coração. Um frasquinho de vidro podesalvar uma vida. Pode significar tudo para um bebe prematuro. Faça uma ligação.O BLH te atente com o mesmo carinho com que atende as mães e os familiares queali freqüentam.


8. Visite. Vá até o Banco de Leite. Conheça histórias de mães doadoras.Conheça a simplicidade e a grandeza do local. Encante-se com a qualidade do queacontece ali. Vá para levar um frasquinho de vidro. Volte de lá com um folder euma motivação: participar. Viver bem é viver em comunhão.


9. Blogueie. Folologueie. Orkuteie. Twiteie. Espalhe pela rede essaverdade: o leite humano é vida. É vida necessária a nossos conterrâneos de baixopeso, prematuros, filhos de famílias fragilizadas pela internação nas UTIs.Espalhe pela rede essa verdade: doar leite é doar vida. Conscientize-se econscientize seu próximo. Existem mil maneiras de tocar um coração. Escolha uma.


10. Faça sua parte. E fique tranqüilo. Você não vai salvar o mundo, maslembre-se de que o mundo, sem você, não poderá ser salvo. Perceba o tamanho desua responsabilidade. Se você leu estes 10 pontos até aqui, a luta agora étambém sua. Faça sua parte. Pequenina. Mínima. A que puder ser feita. E fiquetranqüilo. Estamos, juntos, transformando o trabalho de uma formiguinha notrabalho de um formigueiro.


Luís Alberto Mussa Tavares

Pediatra- Coordenador do Centro de Referência da Criança e do Adolescente

Comitê Municipal Permanente de Apoio e Proteção ao Aleitamento Materno.


.Prefeitura Municipal de Campos

sábado, 26 de setembro de 2009

SUICIDALIDADE


De acordo com as estatísticas, pode-se traçar o perfil do suicida: Homem, com mais de 55 anos, morador de grandes cidades, AGNÓSTICO, socialmente isolado, fisicamente doente, sem antecedentes psiquiátricos e alcoólatra moderado. De saída, é possível algumas conclusões: a metrópole adoece psiquicamente o homem. O Agnosticismo, ou a doutrina que considera ser impossível ao homem conceber algo que vá além dos seus sentidos naturais, também é patogênico. O isolamento social, tão comum nas grandes cidades, também é fator de adoecimento. E o alcoolismo, que advém de um hábito incentivado pela mídia, conduz o homem a buscar o fim de sua própria existência. Urbanização, materialismo, autoclausura e dipsomania. Estes são os alvos de todos os que lutam pela vida. O perfil da pessoa que tenta o suicídio, mas não alcança o seu intento é: mulher, jovem, de boa saúde corporal, em situação de conflito evidente com o grupo familiar ou social mais imediato. Deste novo grupo, pode-se acrescentar novos alvos na luta contra a idéia de desistência da vida: o desajuste familiar e as injustiças sociais do mundo pós- moderno. Associam-se ao suicídio os seguintes fatores em ordem decrescente de importância: sexo masculino, idade avançada, viuvez, celibato ou divórcio, ausência de prole, residente em grande cidade, alto padrão de vida, crise econômica, consumo de álcool e droga, lar desfeito na infância e doença mental ou física. Outra surpresa: o alto padrão de vida. Isso quer dizer que mesmo o dinheiro não resolve os dramas psíquicos do ser humano. Os fatores considerados de maior segurança contra o perigo do suicídio são em ordem crescente: sexo feminino, juventude, baixa densidade populacional, religião, casamento, prole numerosa, baixo padrão de vida e situação de guerra. Aqui as surpresas são maiores. Em ciência o risco de suicídio chama-se suicidalidade. A suicidalidade é maior na opulência e menor na carência. Maior nos egoístas que nos pródigos. Maior no estilo de vida que não cogita da existência de Deus, do que nos que buscam com todas as forças, crer num Deus, infinitamente justo e bom. A melhor maneira de lutar contra as altas taxas de suicidalidade é incentivar a religiosidade e a solidariedade.
Flávio Mussa Tavares
fmussa@mcampista.com.br
Monitor Campista- 26/09/2009

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

DESAGRADO PELA VIDA


Tenho observado em faixas etárias infantojuvenis um incompreensível desagrado pela vida. Que pessoas de idade madura ou avançada, cansados de desilusões, desacertos e desapontamentos, percam o interesse pelas amenidades da vida, é compreensível. O que tem me causado espécie, em minha vida de médico, é assistir o crescente e assombroso senso de desvalor ou desamor pela vida em crianças e jovens. Percebe-se essa emoção negativa através de expressões verbais empregadas, dos atos de violência, de tentativas frustras de suicídio e de assassinatos entre eles. A que atribuir essa infantilização de emoções e atitudes tipicamente adultas? Como entender a depressão na infância? Como julgar razoável que um jovem perca o interesse pela vida social? A quem ou a que responsabilizar pela baixa estratificação etária de todos estes males? Algumas justificativas (como se fosse fácil explicar as coisas da alma) apontam a mídia, outras a toxicomania, outras os novos videogames de violência e até a internet. Todavia, apesar de haver um equacionamento do problema com essas explicações, não se consegue entender como e quando a criança começou a perder a alegria. Eu percebo a nossa vida urbana e capitalista como um grande oceano de excitações nervosas. As crianças em tenra idade são bombardeadas com uma carga de estímulos ao cérebro de enormes proporções. Cores, luzes, sons e movimento. Todas estas coisas estão exaltando os cinco sentidos e levando muitas mensagens ao cérebro, que chegam como furacões. O cérebro, por sua vez, responderá com uma maior circulação de dopamina, adrenalina, noradrenalina e serotonina. Estas substâncias comandam a condução dos estímulos por todo o corpo, dando sensação de bem estar e uma enorme vontade de repetir continuamente. De tal forma essas crianças ficam habituadas à esta superexcitação, que não sabem mais viver sem elas. São tantos sinais de euforia, que estes jovens não conseguem ter emoções naturais. Olhar um campo florido, uma praia deserta, uma paisagem montanhosa, uma geleira ou simplesmente aquele belo dia de sol não são mais suficientes para produzir estímulos para a vida. Se elas ficam sem internet, sem festas barulhentas, pensam que a vida é triste. P seu ânimo vem sempre de fora. Só sentem-se bem com a exaltação de humor, a euforia, a excitação dos sentidos causada pelas parafernálias eletrônicas ou por estímulos químicos. E partem para drogas sintéticas, músicas eletrizantes e sem sentido e quando essas emoções já não conseguem produzir euforia, querem morrer. Acho que as escolas precisam acender o tema do amor pela vida e ajudar as crianças e jovens a descobrir o que é a alegria sem aditivos. Espero que a juventude submersa no desagrado pela vida não seja o preço que a sociedade tenha que arcar pela transformação do Brasil num país desenvolvido e sofisticado.
Flávio Mussa Tavares
fmussa@mcampista.com.br

sábado, 5 de setembro de 2009

CANÇÃO DO AMOR AO PRÓXIMO




Esta foi a coluna gentil da amiga Patrícia Bueno sobre o Coral da Fraternidade, que a minha filha Juliana ensaia na Escola Jesus Cristo aos sábados com os nossos companheiros da comunidade que comparecem ao Culto da Assistência.

Fica aqui a minha gratidão sincera a Patrícia.


A música, parceria de Charles Chaplin, G. Parson e J. Turner, já podia ser ouvida da calçada: “Sorri, quando a dor te torturar e asaudade atormentar os teus dias tristonhos, vazios...”.

Cumprimentei o porteiro, sentado em um pequeno banco, ao lado do portão, esegui em direção ao local do ensaio. Na medida em que me aproximava, o som ia ficando mais intenso:

“Sorri, quando tudo terminar,quando nada mais restar do teu sonho encantador...”.

Essa música sempre me emociona. Contive algumas lágrimas teimosas e olhei ao redor. O lugar é amplo e bem modesto. Chama-seTeatro Casimiro Cunha, mas bem que poderia se chamar Teatro Fênix, pois já sobreviveu a um incêndio.

Do local que um dia já foicinzas, a música saía do teclado de uma jovem regente que, com movimentos suaves, conduzia o pequeno grupo, formado quase quetotalmente por mulheres. São donas de casa, acompanhadas de seus filhos; pessoas humildes, em busca de atenção e auxílio. Tratei de me acomodar entre elas, meio sem graça. Mas a líder do grupo logo se aproximou com uma pastinha vermelha. Nela estavam as letras das músicas, para que eu também as acompanhasse. Na verdade já sabia a letra de “Sorri”. Mesmo assim, sorri e agradeci a gentileza. Enquanto folheava a pasta, com letras religiosas e populares, reparei em uma senhora, no finalzinho da fileira do canto. Trajava roupas surradas e se esforçava para segurar muitas sacolas plásticas, com alguns trapos. Era uma dessas pessoas invisíveis aos olhosdos poderosos.
Aparentemente alheia ao que se passava ao seu redor, talvez nem tenha se dado conta do conselho do Rei do Cinema Mudo:
“Sorri,quando o sol perder a luz, e sentires uma cruz nos seus ombros cansados, doídos...”.
No meio do Coral Virgílio de Paula, pude ouvir a voz da fraternidade.
Lá, todos são bem-vindos. A música é mesmo uma das expressõesda alma.Ao final, um pouco da palavra de Deus.
A parábola do filho pródigo foi um convite à reflexão na tarde de sábado. Para fechar, aregente pediu que os componentes sugerissem uma música:
Sorri! — falou em voz alta um senhor de olhos tristes que chegara atrasado.
Era visível sua emoção ao ouvir a canção.
Ele fechava os olhos, sentia a música e... sorria, afinal,
“ao notar que tu sorris todo mundo irá supor que és feliz.”


Patrícia Bueno


(Monitor Campista- 02/09/2009)

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

I CURSO DE MANEJO CLÍNICO DA AMAMENTAÇÃO





Com o objetivo de capacitar profissionais para a Clínica Municipal de Apoio à Lactação, com início de funcionamento previsto para dezembro, o Comitê Permanente de Apoio e Proteção ao Aleitamento Materno promove, a partir de amanhã, o primeiro Curso de Manejo Básico da Amamentação.



O curso, com duração de 20 horas, acontecerá no Auditório Amaro Prata Tavares,no Palácio da Cultura. A aula inaugural acontece às 14h desta sexta-feira (04/09). /



As inscrições são gratuitas e serão feitas no local, antes do início do evento.



As aulas serão sempre às sexta-feiras, às 14h e, no final do curso, todosreceberão um certificado. Qualquer profissional de nível superior pode participar,mas o nosso foco são os profissionais de saúde, sobretudo, enfermeiros —informou o idealizador do comitê, o pediatra e coordenador do Centro de Referênciae Tratamento da Criança e do Adolescente (CRTCA), Luís Alberto Mussa Tavares.





De acordo com o coordenador do CRTCA, com a conclusão da parte teórica, emnovembro, será realizada a segunda etapa do curso de manejo, com o treinamentode profissionais nos hospitais e maternidades do município.



“Acreditamos que até ofinal do ano, ainda em dezembro, estejamos implantando a Clínica Municipal deApoio à Lactação na sede do CRTCA”, cogitou Mussa.



Segundo Mussa, as informações passadas por técnicos não capacitados que trabalham em uma maternidade a uma nutriz podem muitas vezes atropelar todoum trabalho de educação para amamentação elaborado desde o pré-natal.



Daí anecessidade de profissionais preparados para auxiliar na reimplantação da culturado aleitamento materno no município.



“O curso de manejo é só uma das ações queo comitê está desenvolvendo para trazer de volta esta cultura tão importante prasaúde da criança”, frisou o pediatra.
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.MONITOR CAMPISTA (03/09/2009)

sábado, 29 de agosto de 2009

CARTA A UM MARCIANO: Censura é em regime de exceção



"Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independente de fronteiras." (Art. XIX da Declaração Universal dos Direitos Humanos).


Alô, Alô, marciano, aqui quem fala é da Terra. Conseguiu entender o texto? Qualquer terráqueo pode , segundo a nossa organização mundial, dizer o que pensa em qualquer meio de comunicação. Até em blogs, entendeu? Digo isso a você marciano, por que você é um ET. Sendo um carinha de outro planeta, as vezes não entende bem as nossas línguas. Esse trechinho aí em cima existe também com o mesmo conteúdo em espanhol, inglês, francês, alemão e italiano. Mas também em russo e grego. E ainda em chinês, japonês e coreano. E seguramente está no árabe e no hebraico. A liberdade de imprensa é fundamental numa sociedade humana, entende? Para os seres comuns, para os jornalistas, para os blogueiros. Nem sempre foi assim. Existiram os chamados regimes de exceção, que foram as famosas ditaduras. Foram tempos difíceis, de prisões e redução da autonomia do terráqueo. Mas isto acabou marciano. Todavia, alguns esquecem desse detalhe. Querem voltar às páginas infelizes de nossa história, como disse Chico Buarque. Quem é ? É um artista. Ele pensava e não podia exprimir seus sentimentos. Eles se exilavam para outros países onde havia mais liberdade de expressão. Mas agora o nosso país tem uma constituição. Veja o que diz: desde 5 de outubro de l988 em seu artigo 220: “a manifestação do pensamento não sofrerá nenhuma restrição”. e, nos parágrafos 1º e 2º, veda totalmente a censura, anulando a possibilidade até mesmo de qualquer mecanismo legal que "possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística, em qualquer veículo de comunicação social". Até em blogues, entendeu marciano? Você me pergunta sobre as religiões. Historicamente uma igreja publicou um Index librorum prohibitorum, isto é, uma relação de obras cuja leitura era terminantemente proibida aos seus fiéis. Na internet, que já existe em Marte há muitos séculos, você já viu essa repressão a liberdade? Não? Em Marte há plena liberdade de expressão e é respeitada? Que bom! Aqui tem gente poderosa que tem saudade dos tempos em que a vontade era de quem tinha dinheiro e poder. Mas nós temos uma lei e uma justiça, que existe para fiscalizar e fazer cumprir a mesma lei. Temos que ficar de olhos bem abertos, para que os saudosistas não se façam de desentendidos e voltem às suas práticas de censura e opressão. Saudações ao planeta vermelhinho.
Flávio Mussa Tavares
fmussa@mcampista.com.br

domingo, 23 de agosto de 2009

A PANDEMIA DO MEDO


Realmente estou achando interessantíssimo toda essa onda de higiene que tomou conta das mentes de todas as idades. Estou tendo a oportunidade de observar a preocupação com o asseio e com a esterilização em pessoas que antes eram quase que totalmente inconscientes da realidade micorecológica de nosso mundo. Entretanto a pandemia de medo, fez com que certas pessoas perdessem o bom senso. Pedem-me vacina homeopática para a gripe suína. Ora, isso é uma inconseqüência, que eu, como médico, não posso indicar. A homeopatia é realmente uma farmacotécnica que propõe a ultradiluição de um mal para prevenir as pessoas contra aquele mesmo mal. Mas isso jamais se aplica a uma questão como a Influenza A. Estão divulgando na internet uma receita homeopática como se fosse uma vacina, mas decididamente não é. Trata-se do Oscilococcinum, um autolisado filtrado de fígado e coração de pato, que é muito bem indicado para infecções do trato respiratório superior e do Influenzinum. Este último é uma preparação bem definida, cuja fonte vem do Instituto Pasteur proveniente de cultura de duas variedades de vírus: uma sendo da banal APR-8 e outra A Singapura 1-1957. Esta última é aquela da gripe asiática. A proporção desta mistura é de três partes do vírus asiático e uma parte do grupo europeu. Estes vírus são cultivados sobre embriões de galinha e titulados pela reação de hemaglutinação de Hirst após purificação, concentração e inativação pelo formol. A fonte de Influenzinum é titulada em 500 unidades hemaglutinantes por mililitro. Vale dizer que o Instituto Pasteur prepara especialmente a mistura para utilização homeopática. Essas duas preparações são eficazes no tratamento sintomático de afecções respiratórias, mas jamais podem ser consideradas como vacinas. Estou divulgando esses detalhes por que é possível que alguém tome a medicação homeopática e se contamine com o vírus H1N1 e venha a óbito. Poderão inculpar a prevenção homeopática? É claro que não. Se em Macaé, a prefeitura preferiu correr esse risco, é uma decisão política e não médica. Eu fico com a decisão médica: não há vacina homeopática, apenas medicamentos cuja experiência clínica indica uma ação sintomática, mas que não é curativa e muito menos preventiva da gripe. Sempre tive muito medo do risco do charlatanismo. Apregoar cura ou prevenção de algo que não possa ser comprovado abertamente na comunidade científica é charlatanismo. A Homeopatia, praticada por médicos conscientes que a empregam com parcimônia e como complementaridade à medicina oficial é a marca da ética e do profissionalismo.
Flávio Mussa Tavares
fmussa@mcampista.com.br

sábado, 22 de agosto de 2009

Carta a uma leitora do blog do Roberto Moraes ( vale para a Rede Blog)

Eis um bom motivo para que os blogs cresçam e se mantenham como a rede de informação principal de nossa cidade.
Uma leitora do blog do Roberto denunciou uma grande rede de supermercados que todos sabemos qual é. No espaço blog não é necessário ser grosso e nem deseducado. Para bom entendedor pingo será letra sempre. Os espaços de comentários que deram origem ao processo contra Roberto é que são o grande valor dos blogues. Isso é democracia, é participação, é liberdade de expressão, é cidadania e é caráter.
Reproduzo aqui a minha resposta , isto é o meu comentário ao excelente Blog do Roberto Moraes, que é a nossa referência jornalística em Campos. Viva os Blogues e abaixo a ditadura da informação censurada. Eis meu comentário:

Caríssima Cíntia, escrevi no Monitor sobre "O medo da pandemia".

Hoje saiu no mesmo jornal, em minha coluna: " A pandemia do medo". Entretanto, eu gostei muito de sua percepção: "A pandemia do oportunismo".
Isso que voce disse é verdadeiro.

O Dr. Charbel Kury, coordenador da Epidemiologia, já ensinou como fazer o álcool 70 %: comprar um litro de álcool comum , baratinho, retirar um copo (200 ml) do mesmo e completar a garrafa com um copo (200 ml) de água filtrada. Esse é o álcool 70%, que não é tão inflamável e que demora mais a evaporar, sendo portando mais antisséptico.

Existem farmácias também vendendo "fórmulas de vacinas homeopátcas", que eu como médico que pratiquei a homeopatia por 25 anos, não reconheço e nem recomendo, pois considero que não há vacina homeopática e que além disso, tira o foco principal que é a higiene e a política sanitária.

Abraços a todos e a quem tiver qualquer dúvida sobre minha opinião , recomendo que não comprem remédios homeopáticos contra gripe, a não ser que seja prescrito por um médico homeopata.

sábado, 15 de agosto de 2009

Sincronicidade : Globo X Record. Folha X Roberto.

Não parece uma coisa interessante a sincronicidade dos eventos?


Duas ações dos detentores do oligopólios da informação contra aqueles que os parecem ameaçar. Refiro-me ao ataque da Globo à Record e ao processo movido pela Folha contra o blog do Roberto.

E digo “parecem ameaçar” por que a sensopercepção alterada dos poderosos os leva a certas idéias deliróides, quando sentem-se perseguidos e melindrados em sua pretensa superioridade.

O notável psiquiatra suíço Carl Gustav Jung preconizava que havia um inconsciente coletivo que muitas vezes governava os nossos fluxos de pensamento.

Nesse caso, a coincidência é de tal modo impressionante que nos leva a considerar a veracidade da teoria junguiana. É o momento dos poderosos incomodarem-se com os que começam a aparecer.

De modo nenhum quer comparar a Folha à Globo e muito menos o blog do Roberto à Record.

Entretanto a semelhança das situações em plano nacional e em plano municipal são por demais evidentes, principalmente por haverem eclodido quase que simultaneamente.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

O ataque ao amigo Roberto Moraes

Conheci o Roberto Moraes na infância, pois fomos colegas de curso primário. Desde então uma amizade que era uma hernça da amizade de nossos pais, Clóvis Tavares e Joêmio Pessanha, permanece viva.

O trabalho de informação ética e saudável que Roberto vem fazendo em Campos criou uma série de conjunções que resultaram entre outras coisas na Rede Blog, capitaneada pelo nosso amigo Vítor Menezes.

É extremamente melancólico assitir a esse triste episódio que assume a forma de uma ação judicial em que um veículo de oponião pública outrora respeitável, se entrega agora, denunciando publcamente o seu ocaso existencial e sua degradação moral, ética e social.

Triste fim de um jornal. Meus pêsames a esta "folha seca", que não é o drible de Didi, mas os restos mortais do que já foi um diário matutino respeitável de nossa cidade.

Maria Cândida Freitas Cunha

Despediu-se deste mundo na data de ontem a fonoaudióloga Maria Cândida Freitas Cunha, esposa do Prof. Dr. Marianto Cunha Filho, pediatra consagrado de nossa comunidade.

Maria Cândida era uma pessoa de presença marcante pela sua simpatia e por sua ação generosa e amável. Como fui seu vizinho de consultório durante alguns anos no Edifício Fleming, testemunei por diversas vezes a sua bondade e seu zelo com as crianças a quem amava.

Dona de cultura invejável, piedosa e religiosa, estou certo de que sua alma alçará os vôos a que sempre almejou segundo a sua fé , sua esperança e a sua caridade.

Deixa o marido, o nosso amigo Dr. Marianto, que havia poucos dias lançado o seu livro de Pediatria em nossa cidade e um filho já formado e a quem era muito ligada pelos laços insondáveis do espírito.

Deus receba a nossa amiga com os méritos a quem fez jus.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

O MEDO DA PANDEMIA


O MEDO DA PANDEMIA
Conta-se que certa vez a Peste Negra era esperada numa aldeia européia. Corria o século 14 e o medo da morte campeava impunemente. A devastação, a epidemia, os cadáveres nas ruas, as baixíssimas condições sanitárias e de higiene, o desconhecimento científico, tudo contribuía para o pânico geral. A fábula a seguir é uma caricatura de nosso momento atual em relação à gripe suína. A aldeia estava esperando pela peste. Os ratos já andavam por lá. Aldeias distantes já contavam seus mortos. Um dia morreram dois. Depois mais três. Afinal haviam morrido 110 dos 300 moradores. Um homem tomou a sua trouxa com alguns pertences e fugiu no rumo das montanhas. Logo ao começo da estrada cruzou com uma velha senhora que vinha para a aldeia, cantando e dançando. Abordou-a: "Minha senhora, não vá a essa aldeia! A peste está matando todos! Fuja!" Mas, a idosa peregrina soltou uma gargalhada e disse: "Como pode ser? Eu sou a Peste e ainda nem cheguei lá! Quantos morreram?" "Até ontem eram cento e dez" "Pois na minha lista só iria levar cinquenta e seis". "Mas, então, de que morreram esses mais de centena?" "Foi o Medo, chega sempre antes e mata mais do que a Peste!". É por isso que eu fico a meditar com os meus botões? Por que ao invés de suspender as aulas, não se dá aulas ao ar livre? Por que ao invés de adiar o início do semestre, não se abre as janelas das escolas e desliga-se de vez o famigerado ar condicionado? Aliás, banco não tem mais janela, ônibus não tem mais janela, tudo é hermeticamente fechado com o arzinho viciado e frio, propício para o cultivo e a disseminação de todas as espécies de vírus e bactérias. Quem nunca se gripou após uma viagem de ônibus? Quem nunca viu um filho com pneumonia por causa do ar condicionado da escola? Abram as janelas. Diz um antigo ditado que onde não entra o ar, entra o médico. Creio que esse pânico da gripe suína está matando. A equivocada moda arquitetônica do claustro geral, onde não se vê mais ambientes aerados por amplíssimas janelas, só aquela refrigeração artificial, gera uma grande circulação de vírus e muitas contaminações. É o calor? Que venha o calor quente que nós estamos fervendo de vida! Pior é viver como se estivéssemos na Europa, com o fantasma da gripe em nossas mentes, fingindo que nosso país é frio, com todos os ambientes claustofobicamente fechados. Quantas pessoas desenvolveram transtornos de pânico em ônibus e em ambientes confinados? Se é para suspender as aulas, fechem-se os bancos, as igrejas, os cinemas, os teatros, proíbam-se as apresentações públicas de cantores. Mas não se espalhe o medo. Ele mata. Abram-se janelas, deixem o ar entrar e vamos continuar vivendo.
Flávio Mussa Tavares
fmussa@mcampista.com.br

sábado, 8 de agosto de 2009

VERÔNICA , A PIEDOSA


Verônica, livre do seu drama fita, de Jesus a face. E o observa afastar-se envolvido pela massa humana. Queria chorar, fazer sua catarse, mas algo continha sua gana. Como refazer sua vida, se já não podia voltar aos seus? Movida, então, por uma energia que dentro de si ainda corria, decidiu por fim viver para Deus. Encontrou o Senhor que buscava nas pessoas dos hansenianos. Pensava as suas lesões sempre aplicando um pano
na face daqueles seres humanos. Era assim que se consolava e animava os seus corações. Passaram-se dois anos de lutas e ela sentiu uma forte vontade de deixar aquelas grutas dos seus amigos lázaros. Saiu então daquela cidade e foi para muito mais além. Como a mulher que enche os cântaros, com fé, foi para Jerusalém. Ao chegar a capital uma triste revelação calou fundo em seu coração. Jesus fora condenado sem haver cometido sequer um pecado. E a sentença final, publicou-se no edito, era a crucificação. Vê, então, ao longe a multidão seguindo um homem e sua cruz. Sente, de novo, a mesma sensação do dia em que viu a intensa luz que emanara do peito de Jesus
libertando-a de sua danação. Ela estava perplexa diante do quadro que via: os ingratos e sua zombaria. Como entender esta situação complexa? Viu consternada, a Santa Face mutilada e ensangüentada daquele que um dia a salvara para que não se humilhasse. Era aquele mesmo que a curara. Sentindo-se impotente, imensamente indignada, quis gritar àquela gente, quis lutar por seu Senhor. Percebeu enfim, do nada, a sensação do tremor. O olhar de Jesus o seu fitava e encheu-se de temor. Vendo verter gotas rubras onde os acúleos penetravam, pensou: Há algo que cubra ou suavize as dores que o cravam? Mais uma vez Verônica encontrou espaço entre o povo que ensandecido gritava. E aproximando-se lacônica, agora com outra intenção, sob a visão irônica, tocou aquele que amava. Se o Seu manto lhe curara há muito tempo havia ao simples toque de fé, sua grave hemorragia, então ajudaria aquele a quem buscara: O Jesus de Nazaré. Daquela face o sangue vertia impunemente. Tomou então o seu manto e fez o que tinha em mente: Cobriu o rosto santo que continuava exangue. Foi assim que naquele calvário a que outrora Ele curara compôs o santo sudário. E ela julgou escutar um sussurro transcendente: -Seja sempre relembrada a sua ação comovente. Nesse instante um homem bruto afasta-a daquele avatar que lhe dirige o olhar como o brilho de uma estrela que ao seu espírito em luto era impossível descrevê-la. Eis a história desta mulher que duas vezes buscou um homem entre a multidão. Da primeira, o Seu manto a curou do sangue que ela vertia. Na seguinte o manto dela suavizou a Sua Paixão e marcou como numa tela, uma hematografia. Esta mulher piedosa é símbolo de coragem.
Pois enfrentou impetuosa a fúria do homem. E para testemunhar a sua gratidão, tocou para suavizar, com a sua adoração, o semblante de Jesus. Que embora pálido e triste, irradiou a mais intensa luz que existe!
Flávio Mussa Tavares
fmussa@mcampista.com.br

sábado, 1 de agosto de 2009

UM TEXTO DE CLÓVIS TAVARES : ...E NA HORA DE NOSSA MORTE


Melhor aproveitando o espaço desta coluna, apresento aos leitores um texto em que meu pai, Clovis Tavares comenta as palavras de Jesus: “Pai, nas Tuas mãos entrego o meu espírito”(Lc.23:46):
“André Maurois, lembrando as últimas palavras de algumas figuras notáveis da velha Europa, deixa-nos concluir que esses vultos do passado assumiram, na hora da morte, as mesmas posições mentais dos seus dias de luta, de saúde, de trabalho.E cataloga o escritor: Carlos II, da Inglaterra, morre como rei, como gentleman: ‘Levei um tempo incrível para morrer; espero que me desculpareis.’ Richelieu, como ministro: ‘Perdoais a vossos inimigos?Não tenho outros que não os do estado’. Corot, como pintor: ‘Espero que possa pintar o céu.’ Chopin, como músico: “Tocai Mozart em minha lembrança”. Napoleão, como chefe: ‘França ... Exército ... vanguarda do exército.’ Cuvier, como anatomista: ‘A cabeça começa a comprometer-se.’ Halle, que além de filósofo era médico, examinou seu pulso até o fim e falou a um colega: ‘Meu amigo a artéria cessa de bater’. E morreu. Lagny publicara no começo do século XVIII um método infinitamente novo e abreviado para extração de raízes quadradas e cúbicas. Quando estava á morte, e já não reconhecia amigos, parecendo completamente inconsciente, alguém lhe pergunta: ‘Lagny, qual é o quadrado de doze?-Cento e quarenta e quatro – respondeu. E expirou.’ O Evangelho de Jesus Cristo nos ensina que cada um morre como vive. Quem vive bem, na luz e na virtude, morre bem e bem desperta na vida eterna. É o que significam as palavras do Mestre afirmando também a veracidade do contrário, dirigidas aos saduceus rebeldes e endurecidos de coração, que buscavam somente os interesses desta vida, desprezando a vontade de Deus: ‘Vós morrereis em vossos pecados’. (Jo. 8:24). Morreremos como houvermos vivido: o nosso último minuto sobre a terra será o reflexo positivo e fiel de todos os minutos de nossa vida. Não foi sem razão que Kipling compreendeu tão bem o valor dos sessenta segundos. Morreremos como houvermos vivido na face deste mundo, onde Deus espargiu tantas coisas belas e onde os homens tem semeado tantas misérias e corrupções.”
É por esse mesmo motivo que ao compor este espaço gentilmente a mm cedido pelo Monitor Campista, tenho procurado trazer motivações de reflexão filosófica e moral, no sentido da nossa estabilidade emocional e espiritual. E este texto de meu pai, como outros que apresentarei aqui servem a este propósito.
Flávio Mussa Tavares
fmussa@mcampista.com.br

domingo, 19 de julho de 2009

O PLANO DE DEUS (Monitor Campista- 18/07/09)


É comum o ser humano buscar a felicidade através da satisfação de seus desejos. Todos temos anseios revelados ou não. É possível conquistar os objetos de nossos desejos, se costumamos almejar coisas possíveis. A luta em busca do objeto é sempre muito empolgante. É possível que nós tenhamos sempre em mente projetos a curto e a longo prazos. Geralmente os projetos a curto prazo podem ser representados por objetos mais facilmente alcançáveis. Um estudante em fim de período letivo tem como objetivo a curto prazo a aprovação nos exames finais. A médio prazo pode ser ingressar na universidade. E a longo prazo, uma família, o diploma de curso superior, estabilidade financeira. Existem planos que são sonhos. Uma moça pode sonhar tornar-se modelo internacional ou um garoto um jogador de futebol da seleção brasileira. Estes projetos são sonhos por que não dependem apenas do empenho pessoal, mas de conjunturas complexas de nossa sociedade capitalista e excludente, onde imperam a injustiça e o desamor. Isso não impede que muitos jovens mantenham acesa a chama de seus sonhos “impossíveis”. Entretanto, partindo do princípio de que existe uma determinação superior para as nossas vidas, podemos questionar: qual é o plano de Deus para as nossas vidas? Será que nossos anseios correspondem exatamente ao projeto que Deus tinha quando nos criou? A realização dos nossos projetos pessoais vai tornar a nossa vida mais agradável aos olhos de Deus? Se nós somos movidos por instintos, é possível que os nossos desejos estejam a serviço de nossa biologia. A vida animal é movida pelos instintos de sobrevivência individual e da espécie. É a instintividade que comanda as ações dos mais diversos seres vivos. Se um jovem almeja ser ator de televisão, ele usará todos os meios possíveis para tornar-se conhecido pelos diretores da televisão. A sua exposição à mídia será o seu cartão de visitas. Se ele quiser ser jogador, precisará ser observado por um olheiro de grandes clubes. Isso nem sempre é provável. Na busca da realização do sonho, é comum o jovem desperdiçar enormes oportunidades de cumprir o plano de Deus. Como então descobri-lo? Não é muito difícil, pos se o nosso criador quer o nosso bem, ele faz um projeto para nos tornar melhores. Deus quer que sejamos menos ególatras, menos ambiciosos, menos invejosos, menos impiedosos, menos individualistas. E consequentemente quer que exercitemos mais a humildade, a tolerância, a caridade. É justamente em situações aparentemente adversas que nós seremos treinados por nosso criador para desenvolver as virtudes mais nobres do espírito. È na carência e não na opulência que vamos descobrir o plano de Deus para as nossas vidas.
Flávio Mussa Tavares
fmussa@mcampista.com.br

sábado, 11 de julho de 2009

Keeyth Anne no Maracanã no RC 50


É uma honra para mim que a menina doce e meiga que eu conheci pequenina e de quem eu auscultei o coração e a alma está hoje solando divinamente o seu stradvarius para acompanhar Roberto Carlos no Maracanã.

Keeyth querida! Estou feliz por você.


Pode ter certeza que seu tio Flávio vibrou de alegria ao visualizar o seu perfil na tela de minha TV.


Disse para todos os meus filhos: _ Olha, a Keeyth! Ela é minha sobrinha!

Deus te abençoe sempre!


Com saudade e admiração,


Tio Flávio

domingo, 5 de julho de 2009

POBRES DE ESPÍRITO


O Sermão do Monte é a plataforma do Reino de Deus na Terra. Não é tão simples segui-lo. Para obedecer, por exemplo, os Dez Mandamentos, é necessário reprimir as nossas más-tendências, como adulterar, furtar, ambicionar, matar. Entretanto, para obedecer ao Sermão do Monte é preciso mais que reprimir más inclinações. Reprimir é sempre um bom começo. Há tendências psicológicas que aconselham a catarse, mas um seguidor de Freud, Maslow, era favorável a que nós sublimássemos nossos impulsos. Considerava que não deveríamos ser escravos da instintividade. Desse modo, felizes os humildes. Pobre de espírito não é ser ignorante ou fraco de caráter, como é comum se dizer: “coitado, é um pobre de espírito”. Pobre em espírito é o verdadeiramente humilde. Jesus também agradeceu a Deus por ter revelado os temas mais sublimes coisas aos simples e por fazê-los velados aos sábios e orgulhosos. Ser pobre do ponto de vista psicológico é considerar-se sempre necessitado. Para quem é verdadeiramente pobre em espírito tudo é bem recebido. Nada lhes é demais. O orgulhoso é aquele que cobra da vida. Já disse alguém que ninguém é tão rico não tenha necessidade de nada e que ninguém é tão pobre que nada tenha para oferecer. Os pobres em espírito são também chamados também de “pobres de Deus”. Assim eles oram: “Senhor, Aumenta-nos a fé”, “Jesus, filho de Davi, tenha piedade de nós”, “Senhor, salva-nos, pois perecemos”, “Creio, Senhor, vêm em socorro de minha pouca Fé”. Jesus abençoa aqui não espíritos puros, mas espíritos humildes e arrependidos como o publicano, cuja prece é também a de um pobre: “Senhor, apieda-te de mim, que sou um miserável pecador.” Estes pobres em espírito acreditam que tudo é doação, é dádiva extra. As coisas, as amizades, o emprego, o ser atendido em último lugar, o receber uma esmola, a ajuda de um estranho. Em tudo ele vê uma graça de Deus. Sente-se sempre devedor da vida. O seu prêmio é o Reino do Espírito. Para o orgulhoso, o opulento em espírito, tudo lhe parece ser devido. As coisas, as amizades, as informações, os primeiros lugares, as honras, as prioridades, tudo parece um direito natural. Se não podem ser atendidos rapidamente, irritam-se. Se não recebem honras, indignam-se. Facilmente se ofendem. São pessoas de difícil relacionamento. Poucos conseguem agradá-las. Querem pressa e perfeição para tudo, sentem-se sempre credoras diante da vida. O prêmio deles é o mundo! Pobre é o pobre de desejo, de ambição, pobre de ilusões, de exigências, pobre do Ego. Ele é bem aventurado! Ele é feliz! Ele é bem sucedido espiritualmente, mesmo sentindo-se dependente de Deus.
Flávio Mussa Tavares
fmussa@mcampista.com.br

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Santa Marina III Parte ( Monitor 27/06/09)


Algumas pessoas me escreveram perguntando sobre o porquê de eu estar me referindo de modo repetitivo a uma personagem assim tão apagada na hagiografia, isto é entre as biografias de santos católicos. Peço perdão aos leitores então, para contar algo muito pessoal. Na década de 30, o mineiro Chico Xavier escreveu dois livros, inspirado, segundo ele, por um antigo senador romano do tempo de Jesus. No segundo deles, há a referência a uma história singular. Uma patrícia romana, de cerca de 18 anos é expulsa de casa injustamente, como se houvesse tido um filho fora do casamento. Ela perambula pela Itália, sozinha com o bebê que não era seu, até que, por um conselho amigo, vai para a cidade de Alexandria no Egito. Esse percurso dura um ano, tempo suficiente para que o pequeno ao seu colo falecesse, vítima das doenças infantis do inverno europeu. Mas este mosteiro era apenas para homens. A moça, que chamava-se Célia, adota o nome Marinho e veste-se de hábitos de monge. Durante sua vida monástica, ocorre a nova acusação já narrada nos textos Santa Marina I e II. Acontece que os arquivos católicos, maronitas e ortodoxos sobre Santa Marina eram praticamente inacessíveis no Brasil na década de 30. E a história descrita no livro de Chico Xavier é muito maior, mais minuciosa e detalhista, revelando a vida cotidiana na Roma e na Palestina do segundo século. No ano de 1939, quando o livro foi editado, Chico Xavier era um datilógrafo de uma fazenda do Ministério da Agricultura, trabalhando cerca de 10 horas por dia. Ele tinha apenas o curso primário, o que corresponde à primeira metade do ensino fundamental de hoje. No ano de 1941, meu Pai, Clóvis Tavares encontrou um livro em espanhol que contava a segunda parte da narrativa de Chico Xavier e ficou muito impressionado, pois os dados eram idênticos e havia uma confirmação impressionante da paranormalidade do mineiro. Ele havia captado, de um modo impecável, dados da vida de uma santa desconhecida. Principalmente para quem vivia numa comunidade rural de Minas Gerais nos anos 30. Quando meu Pai encontrou a prova da veracidade histórica do texto de Chico, levou o livro para ele, que ficou muito feliz de poder confirmar o que sua percepção extra-sensorial havia captado. A Santa Marina era muito venerada em Veneza, na Itália e o seu dia é o 18 de junho. No ano passado eu fiz uma nova busca, desta vez em sítios católicos e maronitas da Internet e obtive novas confirmações que incluí num livro chamado “Célia Lúcius, Santa Marina”, publicado por uma editora de Belo Horizonte e que traz vários documentos históricos comprovando a os escritos de Chico Xavier. Aos interessados estou ao dispor.
Flávio Mussa Tavares
fmussa@mcampista.com.br

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Santa Marina II Parte - Monitor 20/06


Levantar os arquivos da vida de Santa Marina não foi muito simples. Ela é pouco conhecida até mesmo entre os católicos. Tenho uma amiga que é freira e mora em Roma. Eu escrevi para ela na época em que fiz as pesquisas sobre esta grande personalidade cristã e fui agraciado com uma série de fotocópias de algumas biografias encontradas nas bibliotecas do Vaticano. Na semana passada, eu contei que Marina iniciou um trabalho com crianças e idosos nas cercanias do Mosteiro de Alexandria, no Egito. Ali, o menino que ela criava, cresceu até a idade de quatro anos, quando foi acometido de violenta gripe que fatalmente o vitimou. As condições em que eles viviam não eram adequadas, pois a região era úmida e fria. Todavia esse fato não abateu a jovem que vivia em hábitos de monge. Certo dia, uma senhora pobre a procurou com o seu filho ardendo em febre. “Irmão Marinho, no Mosteiro não quiseram me receber, mas meu filho está muito mal.” Marina orou com fé e a saúde do pequeno se restituiu. A notícia se espalhou e era comum ver no humilde casebre, romarias em busca de saúde para o corpo e paz para o espírito. Plantaram hortas, pomares, um horto e criavam-se pequenos animais. Era uma pioneira experiência de vida religiosa ativa. Excluída da vida contemplativa, seguiu a sua intuição e abraçou as dores dos pobres e enfermos. A sua vida missionária teria durado cerca de dez anos. Ao fim desse período, embora ainda jovem, estava enfraquecida e doente. Seu leito foi cercado por toda a comunidade que orava fervorosamente para sua cura. Até mesmo os irmãos do mosteiro, percebendo a sua extrema penúria e reconhecendo o valor da sua alma verdadeiramente piedosa, solicitaram o perdão do prior para a mesma. Este reviu a sua posição e permitiu que trouxessem a esquálida enferma (para eles o Frei Marinho) para o interior do Mosteiro, onde estaria protegida do frio intenso. Ali ela viveu os seus últimos dias, a todos perdoando e legando lições de humildade e renúncia quase inacessíveis ao ser humano comum. Quando finalmente ela morre, os irmãos têm uma surpresa assombrosa. Preparando-a para os funerais, reconhecem a sua condição feminina. Contam então para o Prior, que imediatamente ordenou a pompa de um funeral real. Ela foi reabilitada somente após a sua morte. Seus feitos durante seu exílio foram relatados aos superiores e conta-se que a sua canonização se deu sem nenhuma objeção. Para quem se interessar por mais detalhes desta impressionante história, eu publiquei um livro no ano passado: “Célia Lúcius, Santa Marina”, que apresenta documentos históricos e fotos da devoção a esta mulher impressionantemente maravilhosa.
Flávio Mussa Tavares
fmussa@mcampista.com.br

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Santa Marina I parte (Monitor 13/06/09)


É comum escutar o nome Santa Marina associado a uma conhecida marca de aparelhos de jantar em peças de vidro resistente. É, no entanto, pouquíssimo ou nada conhecida a personagem canonizada pela Igreja Católica no século V. Sua história ficou conhecida no ocidente a partir do século XI, quando suas relíquias foram trazidas para Veneza por Godofredo de Bouillon, o herói da primeira cruzada. Em ação política na cidade de Alexandria, no Egito, descobriu ele o culto popular a esta desconhecida personagem e encantou-se com a sua história. Descobriu o nobre bolonhês que a estranha moça internara-se num mosteiro católico na cidade de Alexandria, provavelmente no segundo século, e lá vivera um drama comovente. De provável origem nobre, a moça ficara órfã e para proteger-se da maldade humana travestiu-se de homem e asilou-se num monastério cristão. A história de Santa Marina espalhou-se pelos arredores de Alexandria e pelo chamado arco Mediterrâneo, convertendo-se num mito. È reconhecida no Egito, no Líbano, na Europa oriental e na ocidental, especialmente em Veneza. A sua biografia é encontrada nas línguas árabe, siríaco, italiano, espanhol e inglês. É venerada pelos católicos, maronitas, ortodoxos russos e ortodoxos gregos. Os Mosteiros daquela época eram exclusivamente para homens. Ela, então, vestiu-se como o pai, que era também religioso. Apresentando as credenciais paternas, foi aceita na clausura como um jovem emberbe sob o nome de Frei Marinho. Foi submetida então, aos duros encargos de um noviço. Da limpeza à provisão do monastério. Era encarregada de periodicamente deixar a sua cela e encaminhar-se à cidade mais próxima para comprar mantimentos. As distâncias eram percorridas a pé. Periodicamente então, ela caminhava alguns quilômetros celeremente para adquirir os gêneros alimentícios para a comunidade. Pernoitava na estalagem do próprio fornecedor e retornava no dia seguinte ao convento. Moravam nesta estalagem o fornecedor e sua filha. Esta se encantou com o jovem noviço e declarou-se para “ele”. Naturalmente, Marina esquivou-se da sedução, dizendo-se fiel aos seus votos. Tempos depois, a inquieta moça engravida e conta ao seu pai, o fornecedor, que havia sido seduzida pelo Frei Marinho nos seus pernoites na estalagem. O pai vai imediatamente comunicar o fato ao prior do convento. O Frei Marinho é acusado diante de todos os frades e não se defende. É expulso da comunidade e quando nasceu o bebê, o prior permitiu que ele morasse num casebre frio com o pequeno, sem, no entanto ter direito algum na irmandade. Ali o Irmão Marinho criou o seu “filho”, plantou um pomar e fundou uma pequena escola. Continuaremos.
Flávio Mussa Tavares
fmussa@mcampista.com.br

domingo, 14 de junho de 2009

Programa de saúde total às comunidades rurais e assentamentos


Cerca de 400 pessoas, entre crianças, adultos e idosos, foram atendidas ontem no Assentamento Dandara dos Palmares, durante todo o dia, na Jornada de Saúde e Cidadania, promovida pela Secretaria Municipal de Saúde, através da superintendência de Saúde Coletiva e estudantes do Curso de Serviço Social da Universidade Federal Fluminense. “A proposta é levar assistência médica às comunidades mais distantes do município”, afirmou o superintendente de Saúde Coletiva do município, médico César Ronald, destacando a importância da ação, porque em muitas dessas localidades, os moradores não dispõem de tempo nos dias de semana para procurar atendimento médico. “O projeto vai atender a todos os assentamentos e acampamentos dos sem-terra e comunidades quilombolas do município”, explicou acrescentou.


Na foto , o diretot do Centro de Referência e Tratamento da Criança e do Adolescente, o Dr. Luís Alberto Mussa Tavares está pessoalmente atendendo as crianças.


Estas comunidades são as que registram maior índice de deficiência no acompanhamento ao pré-natal e baixa cobertura vacinal. “Hoje (ontem) estas comunidades estão recebendo vacinação contra tétano, hepatite B, pneumonia e paralisia infantil, além de aferição de pressão arterial, medição da taxa de glicose, atendimento clínico e pediátrico. Os adultos também estão recebendo orientações sobre doenças sexualmente transmissíveis, com distribuição de preservativos”, explicou o superintendente de Saúde Coletiva.


Além do Assentamento Dandara, outras comunidades, como o Assentamento Josué, Acampamento Madre Cristina e povoado da localidade de Periquito, estão sendo atendidos. O assentado Carlos Alberto Vargas, 44 anos, aproveitou o sábado para levar a filha Maria Madalena, de 2 anos, para colocar o cartão de vacina em dia e passar por uma avaliação médica. “Minha filha não estava com o cartão de vacina em dia, porque é muito distante ter que levá-la para vacinar. Eu também, há muito tempo não vou a médico. Esse tipo de atendimento é de extrema importância para nossa comunidade”, disse Carlos Alberto.
(Fonte: O Diário 14 de junho de 2009)