Apesar de ser paradoxal, existem substâncias químicas que atuam no cérebro produzindo exaltação de humor e modificação nos afetos e que são aceitas pela sociedade. Apesar de “lícitas”, podem ser altamente prejudiciais. Calcula-se que nesta primeira década do século XXI a dependência alcoólica tenha crescido em cerca de 15%. Os dados são do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas. Quanto ao fumo, houve também crescimento no consumo da ordem de um por cento. A que se deve isso? A mídia? Estas porcentagens em valores absolutos são cerca de mais dez milhões de alcoólatras e 5 milhões de tabagistas. O cigarro não é mais propagado na TV e há um crescente constrangimento para o fumante em locais públicos, resultados de uma correta política antitabagista. Isso reflete no menor crescimento da dependência física à nicotina. Mas e o álcool. A propaganda da cerveja em horário próprio de público infanto juvenil certamente induz ao uso da mesma pelos adolescentes que após os primeiros goles sentem-se menos tímidos e mais bem aceitos no grupo. É o que se chama coisa de tribo. Quanto mais precoce o uso do álcool, maior a chance de dependência. Isso sem contar com os fatores genéticos. Já vi mães e pais orgulhosos de ver um filho bebendo. Permissividade ou irresponsabilidade? A venda de cerveja para menores também necessitava de uma melhor fiscalização. As festas de debutantes, onde a maioria da população é de menores, precisavam sofrer maior fiscalização. Sei que a justiça tem profissionais responsáveis por isso, mas creio que outros órgãos poderiam ajudar nesta fiscalização, inibindo o primeiro uso. Outro fator inibitório seria uma tarifação mais alta, com destinação para os programas de prevenção e tratamento de dependentes químicos. O uso de substâncias anfetamínicas nas fórmulas mágicas de emagrecer é outro fator preocupante. Tenho visto depressões e tentativas de suicídio em mulheres que abusam ou abusaram de anfetaminas e que são muito insatisfeitas com o seu corpo, o que constitui-se um transtorno mental classificado. Somos campeões mundiais em uso e abuso de anfetaminas. Tudo isso por causa da propaganda de que o corpo escultural é o ideal de toda mulher. Resultado: ansiedade, depressão e desagrado pela vida, gerando tentativas de suicídio. Rapazes também se drogam com anabolizantes para ficar musculosos, elevando o risco de doenças cardíacas e psíquicas. A busca exagerada por medicamentos em situações que poderiam ser solucionadas com uma psicoterapia também faz parte do imediatismo moderno. Vamos procurar uma solução?
(Continuará)
Flávio Mussa Tavares
fmussa@mcampista.com.br
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