terça-feira, 11 de agosto de 2009

O MEDO DA PANDEMIA


O MEDO DA PANDEMIA
Conta-se que certa vez a Peste Negra era esperada numa aldeia européia. Corria o século 14 e o medo da morte campeava impunemente. A devastação, a epidemia, os cadáveres nas ruas, as baixíssimas condições sanitárias e de higiene, o desconhecimento científico, tudo contribuía para o pânico geral. A fábula a seguir é uma caricatura de nosso momento atual em relação à gripe suína. A aldeia estava esperando pela peste. Os ratos já andavam por lá. Aldeias distantes já contavam seus mortos. Um dia morreram dois. Depois mais três. Afinal haviam morrido 110 dos 300 moradores. Um homem tomou a sua trouxa com alguns pertences e fugiu no rumo das montanhas. Logo ao começo da estrada cruzou com uma velha senhora que vinha para a aldeia, cantando e dançando. Abordou-a: "Minha senhora, não vá a essa aldeia! A peste está matando todos! Fuja!" Mas, a idosa peregrina soltou uma gargalhada e disse: "Como pode ser? Eu sou a Peste e ainda nem cheguei lá! Quantos morreram?" "Até ontem eram cento e dez" "Pois na minha lista só iria levar cinquenta e seis". "Mas, então, de que morreram esses mais de centena?" "Foi o Medo, chega sempre antes e mata mais do que a Peste!". É por isso que eu fico a meditar com os meus botões? Por que ao invés de suspender as aulas, não se dá aulas ao ar livre? Por que ao invés de adiar o início do semestre, não se abre as janelas das escolas e desliga-se de vez o famigerado ar condicionado? Aliás, banco não tem mais janela, ônibus não tem mais janela, tudo é hermeticamente fechado com o arzinho viciado e frio, propício para o cultivo e a disseminação de todas as espécies de vírus e bactérias. Quem nunca se gripou após uma viagem de ônibus? Quem nunca viu um filho com pneumonia por causa do ar condicionado da escola? Abram as janelas. Diz um antigo ditado que onde não entra o ar, entra o médico. Creio que esse pânico da gripe suína está matando. A equivocada moda arquitetônica do claustro geral, onde não se vê mais ambientes aerados por amplíssimas janelas, só aquela refrigeração artificial, gera uma grande circulação de vírus e muitas contaminações. É o calor? Que venha o calor quente que nós estamos fervendo de vida! Pior é viver como se estivéssemos na Europa, com o fantasma da gripe em nossas mentes, fingindo que nosso país é frio, com todos os ambientes claustofobicamente fechados. Quantas pessoas desenvolveram transtornos de pânico em ônibus e em ambientes confinados? Se é para suspender as aulas, fechem-se os bancos, as igrejas, os cinemas, os teatros, proíbam-se as apresentações públicas de cantores. Mas não se espalhe o medo. Ele mata. Abram-se janelas, deixem o ar entrar e vamos continuar vivendo.
Flávio Mussa Tavares
fmussa@mcampista.com.br

Um comentário:

homeover disse...

É isso Flávio,a paranóia do contágio da H1N1,está levando o pãnico a vida das pessoas,até mesmo em cidaddes pequenas do interior,como a minha Bom Jesus do Itabapoana.Vamos abrir as janelas das escolas,vamos nos expor ao sol,e naturalmente ter os cuidados básicos de higiene para prevenir doenças,virais ou não.Paz!