sábado, 1 de agosto de 2009

UM TEXTO DE CLÓVIS TAVARES : ...E NA HORA DE NOSSA MORTE


Melhor aproveitando o espaço desta coluna, apresento aos leitores um texto em que meu pai, Clovis Tavares comenta as palavras de Jesus: “Pai, nas Tuas mãos entrego o meu espírito”(Lc.23:46):
“André Maurois, lembrando as últimas palavras de algumas figuras notáveis da velha Europa, deixa-nos concluir que esses vultos do passado assumiram, na hora da morte, as mesmas posições mentais dos seus dias de luta, de saúde, de trabalho.E cataloga o escritor: Carlos II, da Inglaterra, morre como rei, como gentleman: ‘Levei um tempo incrível para morrer; espero que me desculpareis.’ Richelieu, como ministro: ‘Perdoais a vossos inimigos?Não tenho outros que não os do estado’. Corot, como pintor: ‘Espero que possa pintar o céu.’ Chopin, como músico: “Tocai Mozart em minha lembrança”. Napoleão, como chefe: ‘França ... Exército ... vanguarda do exército.’ Cuvier, como anatomista: ‘A cabeça começa a comprometer-se.’ Halle, que além de filósofo era médico, examinou seu pulso até o fim e falou a um colega: ‘Meu amigo a artéria cessa de bater’. E morreu. Lagny publicara no começo do século XVIII um método infinitamente novo e abreviado para extração de raízes quadradas e cúbicas. Quando estava á morte, e já não reconhecia amigos, parecendo completamente inconsciente, alguém lhe pergunta: ‘Lagny, qual é o quadrado de doze?-Cento e quarenta e quatro – respondeu. E expirou.’ O Evangelho de Jesus Cristo nos ensina que cada um morre como vive. Quem vive bem, na luz e na virtude, morre bem e bem desperta na vida eterna. É o que significam as palavras do Mestre afirmando também a veracidade do contrário, dirigidas aos saduceus rebeldes e endurecidos de coração, que buscavam somente os interesses desta vida, desprezando a vontade de Deus: ‘Vós morrereis em vossos pecados’. (Jo. 8:24). Morreremos como houvermos vivido: o nosso último minuto sobre a terra será o reflexo positivo e fiel de todos os minutos de nossa vida. Não foi sem razão que Kipling compreendeu tão bem o valor dos sessenta segundos. Morreremos como houvermos vivido na face deste mundo, onde Deus espargiu tantas coisas belas e onde os homens tem semeado tantas misérias e corrupções.”
É por esse mesmo motivo que ao compor este espaço gentilmente a mm cedido pelo Monitor Campista, tenho procurado trazer motivações de reflexão filosófica e moral, no sentido da nossa estabilidade emocional e espiritual. E este texto de meu pai, como outros que apresentarei aqui servem a este propósito.
Flávio Mussa Tavares
fmussa@mcampista.com.br

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