domingo, 28 de dezembro de 2008

ENTREVISTA COM A SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO AUXILIADORA FREITAS


NOVO CÉU E NOVA TERRA: A tão propalada aprovação automática é um fim ou uma estratégia para atingir um fim?


AUXILIADORA FREITAS: Penso que não deveria ser nem uma coisa nem outra. Não acredito nem na promoção automática e nem na reprovação automática.


A Avaliação deve ser mais um momento pedagógico da ensinagem e de aprendizagem para que nós educadores possamos encontrar no meio de tantos problemas que a nossa educação enfrenta melhores alternativas da escola realizar satisfatoriamente a sua missão que é ensinar.


Na verdade a avaliação é um meio, uma estratégia, um caminho pedagógico entre tantos que temos para promover, encantar, cuidar do processo de construção do conhecimento dos alunos... Ela não é a principal estratégia do processo. O principal é a esnsinagem que promoverá aprendizagem de qualidade ou não. Só existe "promoção automática" quando não se oferece suporte pedagógico para os alunos vencerem suas dificuldades.


Quando não se mudam os caminhos, não se faz diagnósticos e se age em função dos mesmos.Quando as metodologias de ensino não respeitam o rítmo e as etapas de desenvolvimento do aluno em cada faixa de desnvolvimento da inteligência. Assim se faz não apenas "promoção automática", mas também "reprovação automática".


NOVO CÉU E NOVA TERRA: Qual deve ser o verdadeiro objetivo da educação, atuar no nível cognitivo, emocional ou moral?

AUXILIADORA FREITAS: A educação é bela e apaixonante porque deve cuidar do indivíduo como um todo. A tarefa primordial da educação é ensinar.


A escola é a instituição formalmente criada para promover a construção de conhecimentos científicos, mas estes não ocorrerão se antes não passar a ação docente pela emoção.


Nada chega na razão, antes de passar pela emoção, O ser humano é uma unidade integralizada e é assim que a escola deve vê-lo, portanto cognitivo, emoção e moral devem constituir à base da formação do cidadão.


Gandhi já dizia " a maior arma que o homem possui é o conhecimento, entretando se ela for construída sem o suporte humano poderá ser usada para o mal", logo é fundamental que a escola esteja atenta à integralidade humana para poder construir conhecimento com e na emoção... mas isso só não basta o indivíduo precisa ter princípios como ética, moral para nortear o uso que fará do conhecimento.


NOVO CÉU E NOVA TERRA: Num momento de calamidade pública em que vivemos, é possível transmitir esperança aos pais a partir da educação de seus filhos?


AUXILIADORA FREITAS: Acredito sempre no verbo "esperançar" não de esperar, mas de uma esperança que promove a ação, portanto as dimensões política, social, humana e pedagógica de nossa ação docente devem permear a nossa relação de ensinar e aprender e isto deve também ser considerado na relação que a escola deve estabelecer com os pais.


E esta deve ser sempre de apostar no sucesso dos seus filhos e nunca no fracasso mesmo que este aluno não seja o "melhor" da turma na concepção do professor. Veja bem... Drumond, o nosso poeta maior foi reprovado em literatura na escola .


Tudo em educação tem um pouco de relatividade porque entra a subjetividade de cada um.Dai nossa grande responsabilidade no ato de educacar. Penso que o que vai fazer com que os pais se motivem diante de tantas calamidades é a escola apostar na crença no amanhã como um presente para a vida de seus filhos e buscar tornar esta escola um "presente" para nossas crianças e jovens.


Pais e escolas têm que ser parceiros no cuidar, no amar, no acreditar... Temos que ser "acendedores de lampiões".



NOVO CÉU E NOVA TERRA: É possível uma educação integral que ofereça uma possibilidade de futuro para as crianças?


AUXILIADORA FREITAS: Claro que sim. Acredito na educação integral.


O Brasil é um dos poucos países no mundo em que o aluno fica só 4 horas em atividades , aliás nem 4 horas , pois se você considerar o recreio, a entrada atrasada em sala de aula , as faltas dos professores, este aluno não é atendido no mínimo que a nossa legislçao estabelece.


Então é fácil de concluirmos porque a nossa educação está em piores condições do que a Nigéria, por exemplo. Imagina que o índice dde reprovação na 1ª série de lá está em torno de 11% e aqui de torno de 32%.


São cerca de R$ 9.000.000 .000 de prejuízo de recursos que temos anualmente em função dos altos índices de reprovação, evasão, etc da nossa escola logo tudo isso tem que nos incomodar e nos impulsionar à ação.


Acredito que a educação integral, onde música, cognição, esporte, arte , religiosidade, moral, ética, meio ambiente. responsabilidade profissional ,etc devem ser preocupação dos currículos escolares e então estaremos construindo um homem melhor e uma sociedade mais feliz e justa.



5-NOVO CÉU E NOVA TERRA: Então, a senhora vê com bons olhos a escola em tempo integral?


AUXILIADORA FREITAS: claro , acredito na escola de tempo integral porque ela possiblita o desenvolvimentoda das míltiplas linguagens, tão necessárias ao desenvolvimento dos alunos. Ela é o caminho para que haja atendimento integral ao aluno e ainda ofecere possibilidade de planejamento coletivo entre os professores, além de tirar as crianças da rua.


6 -NOVO CÉU E NOVA TERRA: A senhora acha razoável a possibilidade de parcerias com igrejas que ofereçam seus espaços para educação de adultos e a formação de escolas em tempo integral, desde que seja respeitada o laicismo da educação?


AUXILIADORA FREITAS: Sim, pois só acredito em educação solidária, é claro, sem tirar a responsabilidade do estado, com a educação pública, gratuita e de qualidade.


NOVO CÉU E NOVA TERRA: Tem algum sonho para um futuro próximo em relação a educação?


AUXILIADORA FREITAS: Sim... O que me move é o sonho... Sonho em reconduzir a educação pública municipal de nossa Campos dos Goytacazes ao estágio de uma educação de qualidade com índices de desempenhos reais , verdadeiros construídos pelo trabalho eficiente e eficaz de pais, professores, gestores, alunos e poder público e não forjados em dados que não correspondem à realidade.


Sonho em ver em breve os profissionais da educação deste meu país e daqui de nosso município serem de verdade valorizados pelo seu papel social, humano, político e pedagógico das gerações futuras.


Não haverá futuro sem uma educação sólida e neste contexto encontra-se a valorização do professor e dos alunos. Com escolas equipadas, bonitas, prazerozas e professores com auto-estima elevada e felizes...


NOVO CÉU E NOVA TERRA: Considera que a grande revolução/evolução em nosso mundo partirá de um movimento educacional?


AUXILIADORA FREITAS: Sim. No dia que este nosso país acreditar e agir de verdade na educação haveremos de ter desenvolvimento e crescimento com justiça social.


Nosso país que é rico em terra, água, minérios, flora, fauna ,etc e precisa investir com seriedade no seu cidadão, no seu povo. A educação é capaz de promover a dignidade humana.


Ela não vai combater a pobreza, pois não é a escola que a promove, mas certamente dará aos nossos alunos codições da busca de uma cidadania mais digna.


Todos os países que se tornaram potências mundiais o fizeram através de uma revolução pacífica... A revolução pela educação do seu povo.


NOVO CÉU E NOVA TERRA: Para a senhora qual a ligação entre a educação e a promoção da saúde?


AUXILIADORA FREITAS: Existe uma relação íntima entre saúde e educação. A mais importante é que através da educação podemos fazer saúde preventiva. Quanto mais informada for a nossa população mais hábitos de saúde terá. Por exemplo, uma questão atual a Dengue, quanto nosssos alunos podem contribuir no combate ao mosquito... A educação é com certeza um instrumento importante nesta questão, pois em cada cantinho do município tem uma escola informando e formando nosso povo.


NOVO CÉU E NOVA TERRA: E em relação à tolerância religiosa e a fraternidade?


AUXILIADORA FREITAS: São sustentáculos fundamentais´`a vida humana. Não haverá essência humana sem religiosidade e fraternidade O mundo sucumbirá à corrupção, violência, desamor, egoísmo, invejas, traições... Tudo isso é falta de Deus e então de fraternidade no coração e na.alma dos homens e mulheres deste planeta terra.


NOVO CÉU E NOVA TERRA: Que mensagem gostaria de deixar?


AUXILIADORA FREITAS:


" Tudo vale à pena se a alma não é pequena" (Fernando Pessoa).


Que possamos construir um ano novo de 2009 com alma, com essências de delicadezas, de cumplicidades, de sinceridades, de cuidados, de honestidade , de amizades verdadeiras e de espiritualidade.


Que o sorriso possa ser a arma na construção de um mundo novo.


Que possamos continuar dizendo: - Vale à pena ser honesto - neste mundo que se mostra tão desprovido de valores, princípios e ética.


Um feliz e abençoado ano novo para todos nós.

3 comentários:

Quasepoesia disse...

Maravilhosa entrevista.
Boa sorte à nova Secretária.

Hilda Helena Raymundo Dias disse...

Faço minhas as palavras do xacal,tanto que postei isso no meu blog!

"A falácia da aprovação automática, sob o signo da não-exclusão, na verdade é uma das faces mais duras e mentirosas dos modelos "poplulistas"...Escondem que a "seleção" educacional se dá de qualquer forma, pois de certa maneira reflete o contexto social onde está inserida a Escola...Alunos com famílias bem estruturadas, com pais presentes e atuantes, com histórico escolar melhor, se sairão melhor, com ou sem aprovação automática...
Já os alunos carentes e hipossuficientes sequer terão uma referência quantitativa para descobrir suas incapacidades...Serão enganados, pois estão aprovados, mas não estão aptos a nada...
Enfrentarão as "punições" das empresas, dos vestibulares e em toda a sociedade, que rejeitará sua incapacidade e insuficiência acadêmica...
Não se combate o "darwinismo escolar" dando "alimento" de forma artificial aos que estão menos adaptados...é necessário dotar esses "atrasados" de "ferramentas compensatórias", como garantia de sua sobrevivência social...caso contrário, será extintos quando retirados desse "ambiente fabricado"...


O que a sociedade campista deve fazer, sob pena de produzir uma nova legião de "aprovados acéfalos", é impedir que esse "discurso" e essa práxis populista se alastre...Os sindicatos, pais e associações de moradores devem discutir e contestar esse "modelo paternalista" proposto pela "secretária mãe dos pobres"...


Pobre não precisa de caridade, necessita direitos e qualidade de ensino...


Perguntamos:
Faz alguma diferença o método de avaliação e aprovação se a Escola for de boa qualidade...?

Faz algum sentido discutir a "ponta" do processo (avaliação e promoção escolar) sem antes discutir salários, estrutura pedagógica e material, democracia na gestão (eleição para diretores), integração escola X comunidade, objetivos e metas educacionais...?
Quantos gestores submeteriam seus filhos a essas "idéias revolucionárias" de aprovação automática?...Onde estudaram os filhos da secretária, da prefeita e de outros mandatários...?

Hilda Helena Raymundo Dias disse...

Faço minhas as palavras do xacal,tanto que postei isso no meu blog!

"A falácia da aprovação automática, sob o signo da não-exclusão, na verdade é uma das faces mais duras e mentirosas dos modelos "poplulistas"...Escondem que a "seleção" educacional se dá de qualquer forma, pois de certa maneira reflete o contexto social onde está inserida a Escola...Alunos com famílias bem estruturadas, com pais presentes e atuantes, com histórico escolar melhor, se sairão melhor, com ou sem aprovação automática...
Já os alunos carentes e hipossuficientes sequer terão uma referência quantitativa para descobrir suas incapacidades...Serão enganados, pois estão aprovados, mas não estão aptos a nada...
Enfrentarão as "punições" das empresas, dos vestibulares e em toda a sociedade, que rejeitará sua incapacidade e insuficiência acadêmica...
Não se combate o "darwinismo escolar" dando "alimento" de forma artificial aos que estão menos adaptados...é necessário dotar esses "atrasados" de "ferramentas compensatórias", como garantia de sua sobrevivência social...caso contrário, será extintos quando retirados desse "ambiente fabricado"...


O que a sociedade campista deve fazer, sob pena de produzir uma nova legião de "aprovados acéfalos", é impedir que esse "discurso" e essa práxis populista se alastre...Os sindicatos, pais e associações de moradores devem discutir e contestar esse "modelo paternalista" proposto pela "secretária mãe dos pobres"...


Pobre não precisa de caridade, necessita direitos e qualidade de ensino...


Perguntamos:
Faz alguma diferença o método de avaliação e aprovação se a Escola for de boa qualidade...?

Faz algum sentido discutir a "ponta" do processo (avaliação e promoção escolar) sem antes discutir salários, estrutura pedagógica e material, democracia na gestão (eleição para diretores), integração escola X comunidade, objetivos e metas educacionais...?
Quantos gestores submeteriam seus filhos a essas "idéias revolucionárias" de aprovação automática?...Onde estudaram os filhos da secretária, da prefeita e de outros mandatários...?