quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

O CONTRA-EXEMPLO DA ELITE (artigo no Monitor Campista)


O CONTRA-EXEMPLO DA ELITE
"E o rei Herodes, ouvindo isto, perturbou-se, e toda Jerusalém com ele." Mt 2:3
O exemplo vem de cima, diz a sabedoria popular. Já foi dito que uma sociedade evolui psicologicamente, culturalmente e sociologicamente através do exemplo de dignidade de seus governantes. Uma elite que pauta sua conduta pela ética e por princípios morais elevados certamente conduz os seus tutelados a um maior padrão moral e ético. A sociedade reflete no nível coletivo o padrão psíquico de sua classe dirigente. Ela evolui em uníssono com os bons governantes e entra em processo de degradação moral e ética com o exemplo indigno, exposto de modo ostensivo pelas elites do poder. Quem primeiro observou esse fenômeno foi o evangelista Mateus, referindo-se ao momento em que Herodes soube pelos magos do oriente, que um rei havia nascido. Ele perturbou-se, isto é entrou em estado de pânico. Naturalmente, temendo perder as vantagens ilícitas sua posição. Este transtorno psíquico de Herodes produziu uma ansiedade generalizada por toda a população de Jerusalém. Através dos tempos os herodes tem se multiplicado. O arquétipo herodes é de mandatários de poder temporal absolutamente indignos. São corruptos, que vendem a sua alma, traem seu povo e desesperam-se ante a possibilidade do eclipse de seu poder. Ademais, tornam-se grandes perdulários, devassos e se envaidecem com a ostentação de sua opulência. Com semelhante quadro estampado nas mais diversas formas de mídia, a pureza original inata do populacho também entra em processo de deterioração. Cenas extravagantes se reproduzem em todos os níveis sociais. Vivemos um destes momentos de banalização do sentimento, quando a corrupção de todos os valores morais tornou-se rotina. O sagrado reduziu-se hipocritamente a nada. Essa dissolução de valores éticos no escalão superior da sociedade difunde-se com efeito multiplicador e devastador. Ela degenera toda uma geração, que lega à geração subseqüente, estes contra-valores éticos, como se fosse a norma. É assim que, atenua-se a intolerância contra a corrupção. É desse mesmo modo que a TV impõe o degradante espetáculo da intimidade de pessoas inescrupulosas, escandalosamente expostas no vídeo. E essa devassidão devassada é considerada normal. E a quem debitar um prejuízo moral deste quilate? O contra-exemplo da elite tem efeitos deletérios por, quiçá, três gerações, fazendo crescer em proporção geométrica os seus malefícios. Que tenha Deus piedade destes novos herodes.

MONITOR CAMPISTA, sábado, 24 de janeiro de 2009

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