sábado, 4 de abril de 2009

SEDARE dolorum DIVINUM est , Monitor Campista (04/04/09)



Podemos classificar as dores de diversos modos. Quanto à intensidade, podem ser leves, moderadas ou graves. Quanto ao seu início, podem ser lentas ou insidiosas, que são aquelas que já se iniciam fortes. Quanto à duração, podem ser agudas ou crônicas. Quanto à forma de apresentação, podem ser lancinantes (num ponto, como uma dor de dentes) ou terebrantes (dispersas como uma dor abdominal). E quanto à sua essência podem ser físicas ou morais. Todas são dores. De certa forma, não podemos em medicina ser absolutamente contra as dores, pois elas são sinais e/ou sintomas que norteiam o diagnóstico e conduzem o tratamento a um bom fim. As dores são advertências, são sinais de alerta, sejam físicas ou emocionais. Desde aquela dor simples que nos adverte a respeito da existência de uma lesão cutânea até a dor da ingratidão, todas elas precisam ser sentidas para indicar a sua solução. Desde a cólica que denota o distúrbio digestivo até a saudade irremediável de alguém que já partiu para o outro lado da vida, todas necessitam de uma boa investigação para que não sejam suprimidas sem diagnóstico, fazendo com que um mal cresça escondido. Uma úlcera que não dói por excesso de analgésico, pode perfurar. Um luto que não é vivido por excesso de ansiolíticos pode gerar uma depressão grave. Desde a dor de cabeça lancinante até a angústia de um jovem, todas as dores precisam ser sentidas, compreendidas e às vezes até amadas. Elas são amigas que nos despertam um pouco mais a sensibilidade da alma. Todavia, disse Hipócrates: Sedare dolorum opus divinum est, ou seja, Aliviar a dor é uma ação divina. Todo médico é obrigado por um dever ético a aliviar a dor de seu paciente. Se a parte afetada é o corpo, é justo que a dor seja eliminada para que se possa voltar ao estado normal da vida. Se a parte afetada é o psiquismo, esse alívio é talvez mais urgente ainda. Uma dor prolongada a pretexto de fortaleza física ou moral, dispersa as nossas forças e a nossa vitalidade. A presença de uma dor não tratada focaliza a nossa atenção e nos enfraquece a resistência. A vida se resume em aprendizados. É claro que frente a dor, é necessário que tenhamos que desenvolver habilidades e estratégias comportamentais e emocionais que nos defendam, como o exercício físico e a fisioterapia, no caso das dores físicas. A psicoterapia, o sentimento de religiosidade, no caso das dores morais, entretanto, sem pressa, quando a dor nos visitar, busquemos identificá-la, de preferência com ajuda profissional, diagnosticá-la, tratá-la, eliminar as suas causas e prevenir contra possíveis reincidências, tanto na esfera biológica, como na espiritual.
Flávio Mussa Tavares
fmussa@mcampista.com.br

3 comentários:

andreia.soares8@gmail.com disse...

Deus realmente envia anjos à terra, seja pra nos proteger, seja pra ajudar a diminuir a nossa dor.E o Sr, Dr Flávio,desempeha esta função com a maestria que é devida. Obrigada!!!

Márcia Justiniano disse...

Um jeito novo de ver a dor, como
início de solução.

Abçs

Balaio disse...

Oi!
Esse artigo me chegou como uma luva a ser enviada, de presente, a uma "mão" para leitura. rs!

O problema é que a mão é turrona.. Acho que vou ter que fazer, eu mesma, a leitura, como defesa à acusação de "amar as minhas dores". rs

bjs bom domingo!
Auci