terça-feira, 26 de maio de 2009

SAUDADES DA MARIANA SELL


Conheci um dia a história de uma menina chamada Mariana. Desde muito pequena, ela amadureceu sob o estigma do sofrimento. Conhecendo bem o seu Pai e nutrindo por ele admiração e respeito, transferi à pequena, um inexplicável afeto, apesar de não a haver conhecido pessoalmente. Essa menina chegou à idade adulta e sempre que eu escutava algo sobre os seus muitos sucessos, uma emoção feliz me invadia. Nunca estive, repito, diante dela, mas hoje, revendo suas fotos, guardo a ligeira impressão de que a conheci alhures. Ser amigo de seu pai, o Dr. Luís Carlos Sell, um homem íntegro, médico humanista e dotado de senso de justiça, faz-me perceber o porquê desse estranho déjà vu. É que você Mariana, é também essa pessoa que ainda tem aquele velho hábito de colocar o coletivo acima do individual. E eu disso tenho certeza por tudo que eu tenho lido e escutado sobre este ser encantador. Todavia, eu guardo uma íntima convicção. A grande biologia cósmica não elaborou um ser tão especial como você para se extinguir na sombra da morte. E essa é a minha certeza inquebrantável: Mariana você vive! E tenho plena consciência também de que as potências de sua alma ainda nutrem a sua individualidade. Uma forma de individualidade a qual ainda não nos é possível entender. Médicos que lidam com a linha fronteiriça da vida, escutam coisas que são descritas como experiência quase morte. Alguns crêem que é o caminho para demonstrar a sobrevivência da alma. Os caminhos da fé apontam para a supremacia da alma sobre a morte do aparato físico. Queria dizer a você, Mariana, que eu também já senti a dor da separação algumas vezes. Não a senti, entretanto, do modo abrupto como a dor dos que de alguma forma te perderam. Eu tive notícias dos meus. E isso fez crescer em mim uma virtude que eu não tenho naturalmente, mas que cultivo racionalmente: a Fé! É por isso que gostaria de dizer a você: Não descanse Mariana! Não repouse! Não permaneça em eterna contemplação! Pois a partir dessa certeza íntima, dessa convicção de sua superexistência quântica, para além das circunvoluções dos elétrons, tenho também a impressão de que você certamente estará trabalhando, correndo, agindo, entrando em contatos novos, conhecendo e re-conhecendo muitos outros dos que estão hoje na dimensão em que agora você vive. Portanto, Viva, Mariana! Permaneça ativa! Continue estudando, buscando novas alvoradas, vivenciando a liberdade e o amor. E cresça na Glória de Deus, convertendo a saudade dos que te amam em entusiasmo de vida.
Flávio Mussa Tavares
fmussa@mcampista.com.br

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