quinta-feira, 18 de junho de 2009

Santa Marina I parte (Monitor 13/06/09)


É comum escutar o nome Santa Marina associado a uma conhecida marca de aparelhos de jantar em peças de vidro resistente. É, no entanto, pouquíssimo ou nada conhecida a personagem canonizada pela Igreja Católica no século V. Sua história ficou conhecida no ocidente a partir do século XI, quando suas relíquias foram trazidas para Veneza por Godofredo de Bouillon, o herói da primeira cruzada. Em ação política na cidade de Alexandria, no Egito, descobriu ele o culto popular a esta desconhecida personagem e encantou-se com a sua história. Descobriu o nobre bolonhês que a estranha moça internara-se num mosteiro católico na cidade de Alexandria, provavelmente no segundo século, e lá vivera um drama comovente. De provável origem nobre, a moça ficara órfã e para proteger-se da maldade humana travestiu-se de homem e asilou-se num monastério cristão. A história de Santa Marina espalhou-se pelos arredores de Alexandria e pelo chamado arco Mediterrâneo, convertendo-se num mito. È reconhecida no Egito, no Líbano, na Europa oriental e na ocidental, especialmente em Veneza. A sua biografia é encontrada nas línguas árabe, siríaco, italiano, espanhol e inglês. É venerada pelos católicos, maronitas, ortodoxos russos e ortodoxos gregos. Os Mosteiros daquela época eram exclusivamente para homens. Ela, então, vestiu-se como o pai, que era também religioso. Apresentando as credenciais paternas, foi aceita na clausura como um jovem emberbe sob o nome de Frei Marinho. Foi submetida então, aos duros encargos de um noviço. Da limpeza à provisão do monastério. Era encarregada de periodicamente deixar a sua cela e encaminhar-se à cidade mais próxima para comprar mantimentos. As distâncias eram percorridas a pé. Periodicamente então, ela caminhava alguns quilômetros celeremente para adquirir os gêneros alimentícios para a comunidade. Pernoitava na estalagem do próprio fornecedor e retornava no dia seguinte ao convento. Moravam nesta estalagem o fornecedor e sua filha. Esta se encantou com o jovem noviço e declarou-se para “ele”. Naturalmente, Marina esquivou-se da sedução, dizendo-se fiel aos seus votos. Tempos depois, a inquieta moça engravida e conta ao seu pai, o fornecedor, que havia sido seduzida pelo Frei Marinho nos seus pernoites na estalagem. O pai vai imediatamente comunicar o fato ao prior do convento. O Frei Marinho é acusado diante de todos os frades e não se defende. É expulso da comunidade e quando nasceu o bebê, o prior permitiu que ele morasse num casebre frio com o pequeno, sem, no entanto ter direito algum na irmandade. Ali o Irmão Marinho criou o seu “filho”, plantou um pomar e fundou uma pequena escola. Continuaremos.
Flávio Mussa Tavares
fmussa@mcampista.com.br

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