segunda-feira, 22 de junho de 2009

Santa Marina II Parte - Monitor 20/06


Levantar os arquivos da vida de Santa Marina não foi muito simples. Ela é pouco conhecida até mesmo entre os católicos. Tenho uma amiga que é freira e mora em Roma. Eu escrevi para ela na época em que fiz as pesquisas sobre esta grande personalidade cristã e fui agraciado com uma série de fotocópias de algumas biografias encontradas nas bibliotecas do Vaticano. Na semana passada, eu contei que Marina iniciou um trabalho com crianças e idosos nas cercanias do Mosteiro de Alexandria, no Egito. Ali, o menino que ela criava, cresceu até a idade de quatro anos, quando foi acometido de violenta gripe que fatalmente o vitimou. As condições em que eles viviam não eram adequadas, pois a região era úmida e fria. Todavia esse fato não abateu a jovem que vivia em hábitos de monge. Certo dia, uma senhora pobre a procurou com o seu filho ardendo em febre. “Irmão Marinho, no Mosteiro não quiseram me receber, mas meu filho está muito mal.” Marina orou com fé e a saúde do pequeno se restituiu. A notícia se espalhou e era comum ver no humilde casebre, romarias em busca de saúde para o corpo e paz para o espírito. Plantaram hortas, pomares, um horto e criavam-se pequenos animais. Era uma pioneira experiência de vida religiosa ativa. Excluída da vida contemplativa, seguiu a sua intuição e abraçou as dores dos pobres e enfermos. A sua vida missionária teria durado cerca de dez anos. Ao fim desse período, embora ainda jovem, estava enfraquecida e doente. Seu leito foi cercado por toda a comunidade que orava fervorosamente para sua cura. Até mesmo os irmãos do mosteiro, percebendo a sua extrema penúria e reconhecendo o valor da sua alma verdadeiramente piedosa, solicitaram o perdão do prior para a mesma. Este reviu a sua posição e permitiu que trouxessem a esquálida enferma (para eles o Frei Marinho) para o interior do Mosteiro, onde estaria protegida do frio intenso. Ali ela viveu os seus últimos dias, a todos perdoando e legando lições de humildade e renúncia quase inacessíveis ao ser humano comum. Quando finalmente ela morre, os irmãos têm uma surpresa assombrosa. Preparando-a para os funerais, reconhecem a sua condição feminina. Contam então para o Prior, que imediatamente ordenou a pompa de um funeral real. Ela foi reabilitada somente após a sua morte. Seus feitos durante seu exílio foram relatados aos superiores e conta-se que a sua canonização se deu sem nenhuma objeção. Para quem se interessar por mais detalhes desta impressionante história, eu publiquei um livro no ano passado: “Célia Lúcius, Santa Marina”, que apresenta documentos históricos e fotos da devoção a esta mulher impressionantemente maravilhosa.
Flávio Mussa Tavares
fmussa@mcampista.com.br

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