sábado, 20 de setembro de 2008

Nouveau riche, que bicho é esse?

Dando o pontapé inicial da REDE BLOG com o tema "Quem são os novos ricos de Campos?"


Considera-se um nouveau riche (expressão francesa) alguém que ascendeu sócio-economicamente de modo rápido e evidente. Considera-se também que para ser um nouveau riche, deve ele assumir um estilo de vida um tanto ousado, demonstrando de modo inequívoco, através de extravagâncias sociais, que tem o que outrora não podia ter e nem sonhar. O termo é também para designar pessoas que atingiram alto status sócio- econômico, sem preparo cultural e sem a polidez, sendo por isso menosprezada pela antiga elite.


Historicamente, os nouveau riche tem origem na França, onde, no contexto da Revolução Francesa, a burguesia ascende aos altos patamares sociais, econômicos e políticos da sociedade, ocupando cargos e funções antes permitidos apenas à nobreza. Assim, ao longo do século XIX a aristocracia é substituída pelos novos ricos, que eram antigos moradores dos burgos ou pequenas cidades de artesãos e comerciantes que localizavam-se nas rotas da circulação monetária.



A Europa precisou fazer revoluções políticas, sociais, culturais e econômicas, como a Revolução Francesa, a Renascença e a Revolução Industrial, para assumir gradativamente os nouveau riche na direção dos seus destinos. Esta mova classe, ao longo do tempo aristocratizou-se, principalmente com os estados modernos pós-monárquicos.



No século XX, nos Estados Unidos, considera-se que a eleição de Ronald Reagan tenha sido uma ruptura com as dinastias aristocráticas americanas, republicanas ou democratas. Funcionou como um sinal. Psicologicamente o americano mudou. Quebrou-se o mito do presidente nobre, como os da Era Kennedy e surgiu o mito do presidente herói, como os Bush.


E o século XXI, com o capitalismo financeiro, acena com novas possibilidades de enriquecimento rápido, gerando nouveaux riches mais sofisticados, que entram facilmte no jet set nacional ou internacional.



Artistas e desportistas tem altíssima e rapidíssima ascensão social e econômica, que fazem deles os mais notáveis nouveaux riches da atualidade mundial globalizada, inclusive no Brasil.



Quem não vai se lembrar da mancada de um notável jogador de futebol, envolvendo-se recentemente com travestis em uma de suas andanças pelo Brasil. São as gafes cometidas pelos nouveaux riches.



Campos, como um pequeno retrato (ou caricatura) do Brasil também tem seus nouveaux riches
Quem é essa classe de novos ricos da cidade e desde quando ela assume papel predominante na cena de nossa terra chamada goitacá?



No meu entender há dois marcos que implicam na produção deste fenômeno em nossa cidade: um político e outro econômico, que não aconteceram simultaneamente, mas que se acumpliciaram com o tempo.



O fato político foi a eleição de Anthony Garotinho Matheus para a prefeitura de Campos, em 1989, quando realiza em conjunto com o Dr. Adilson Sarmet, um governo legitimamente popular.



O outro fato foi que a cidade de Campos passar a receber royalties. Em 1997, o Brasil aprovou a Lei nº 9478, instituindo novos critérios de cálculo e de distribuição de royalties para os municípios produtores ou afetados pela produção de petróleo. Campos ficou em primeiríssimo lugar e é até hoje o maior beneficiário auferindo uma quantia para nós antes incalculável.



E o que vimos acontecer após essa derrama de petrodólares em nossa cidade?
O que aconteceu com o nascimento do Kwait goitacá?



Houve o nascimento de nouveaux riches em nossa terra! Esses novos ricos são de três classes:



1- Políticos do executivo ou do legislativo que auferem somas incalculáveis advindas de contratações fraudulentas e superfaturadas de apresentações de artistas de outras cidades; subornos advindos de aprovações de projetos por licitações absurdamente faturadas, além de outras benesses recebidas de usurpadores do Bem público.



2- Servidores, contratados ou detentores de cargos de confiança do executivo ou legislativo, donos de salários astronômicos, muito além do permitido pela constituição.



3- Empreiteiros (dublê de empresário) que ganham as licitações fraudulentas de obras faraônicas, muitas vezes inexpressivas e/ou desnecessárias.

Desse modo, temos uma nova classe que substituiu a antiga aristocracia da monocultura canavieira, que segundo algumas análises sociológicas, conseguiu ser pior em todos os sentidos que a sua antecessora, isto é a oligarquia rural.




Um comentário:

Vitor Menezes disse...

Bacana, Flavio. Coloquei link pro seu texto lá no urgente! Vamos ver o que mais vem por aí nos blogs. Grande abraço!