sábado, 21 de junho de 2008

Clientelismo e voto fisiológico



Clientelismo é um sistema de favoritismo político, que no bom latim traduz-se: "do ut des" ou seja, dou para que me dês.

Voto fisiológico é um sistema eleitoral em que uma das moedas de troca para compra de votos é emprego.

A cidade é pobre. A cidade é estrategicamente insuficiente em oportunidades de emprego o que constrange uma grande parte da população a ser "cliente" do poder público que distribui favores.

Os favores são pontos de taxi, bolsas de estudo em faculdades particulares (caras), empregos sem concurso público, no nível do "baixo clero".

E grandes acordos comerciais traduzidos em licitações fraudulentas com empresas não idôneas para o "alto clero".

Essa situação anômala produz "novos ricos" que fazem a alegria dos corretores de imóveis da cidade. Um corretor afirmou-me que no mês em que a cidade parou, não se vendeu apartamentos de alto luxo em Campos.

Desse modo a cidade tem com 20.000 empregos sem concurso, cerca de no mínimo 100.000 votos clientes, fisiológicos. Esses votos irão certamente para o candidato da situação.

Outra parte importante dos votos é formada pela chamada classe dominante, os amigos do rei, o "alto clero" ou em bom russo, a "nomenklatura".

A solução desse dilema passa por uma justiça independente e que prove a sua inteireza moral e ética.

A solução do dilema é claro que é complexa, pois ao resolver a questão política criará uma pressão social nos chamados clientes do "baixo clero".

O "alto clero" é aquele tipo de gente que cumpre o que a personagem da Malu Mader (Maria Lúcia) disse para o João Alfredo (Cássio Gabus Mendes)no final da mini-série ANOS REBELDES: "os sacanas todos se deram bem".

Quanto a questão do desemprego dos clientes do "baixo clero", a solução é educacional e não pode haver nada mais importante nessa hora que aproveitar para educar.

Ser honesto, ser ético, em breve, creio firmemente nisso, será a palavra de ordem de nosso planeta. Isso é cultivar a ESPERANÇA que é uma das três virtudes teologais pregadas por Paulo de Tarso na sua epístola aos Coríntios.

2 comentários:

Balaio disse...

Quero crer, também, firmemente, nisso.

Abraço.

Juliana Tavares disse...

É incrível como os políticos em Campos, assim como em todo o Brasil, adoram os pobres. Na verdade, eles gostam tanto dos pobres que desejam avidamente que esses pobres continuem cada vez mais pobres e mais dependentes de suas "boas ações", de forma a se perpetuarem pra sempre no poder. Campos chegou a uma situação limite, pois além dos pobres, a prefeitura conseguiu amarrar uma boa parte da classe média. Dificilmente os 100.000 "dependentes" da prefeitura vão ter a ousadia de se virar contra seus "protetores". Parece que estamos num beco sem saída, numa sinuca de bico. O que fazer? Como convencer alguém de lutar contra um sistema que lhe concede uma certa segurança, ao mesmo tempo que também suga, sufoca e oprime? Um emprego, uma bolsa, um favor e a completa dependência de políticos inescrepulosos e sem caráter!
O sistema está bem protegido e parece não ter brechas. Talvez seja a hora de haver maior articulação, debate com a população, busca de alternativas que não sejam, por exemplo, demitir um monte de gente ao mesmo tempo. Há que se sonhar mais alto. Há que se libertar das amarras do populismo. Há que se investir no potencial desse povo trabalhador e honesto. Dizem que cada povo merece o governo que tem. Prefiro não acreditar nisso. Acho que nosso povo campista, há tantas décadas sugado e explorado, merece coisa melhor. E o povo precisa saber disso! Precisa saber que além do cômodo Egito em que vivemos, existe uma terra prometida... Mas é preciso chegar até ela! E esse caminho exige sacrifício, altruísmo, luta e acima de tudo, esperança.