segunda-feira, 16 de março de 2009

ABORTO E ESTUPRO - Monitor Campista 14/03/2009



O propalado aborto realizado por uma equipe médica especializada do Recife em uma pré-adolescente de 9 anos, com gravidez gemelar merece alguns comentários. Ele foi precedido de todas as recomendações éticas e protocolos clínicos. O caso ganhou maior notoriedade diante da excomunhão da equipe médica e da mãe da menina, pelo Bispo de Olinda e Recife. Ao ser questionado pelos repórteres a respeito do padrasto, que era o violador da inocência da pobrezinha e de sua irmã de 13 anos, o prelado informou que este não poderia ser enquadrado na excomunhão, pois o estupro é um pecado menos grave que o aborto. Ora, convenhamos não se pode considerar todos os abortos da mesma forma! A grande parte dos abortos clandestinos realizada no Brasil é realizada em mulheres adultas que buscam o sexo, mas não desejam a sua natural conseqüência, a gravidez. Por livre iniciativa, pagam a médicos inescrupulosos, anti-éticos e de perícia duvidosa, para executarem o seu feto. No caso em questão, uma menor foi, por mais de um ano seviciada por um monstro em sua própria casa, sob as vistas mais ou menos inconsciente da própria mãe. A sua irmã, que é uma criança especial, sofreu também a barbaridade. A menor de 9 anos é ainda impúbere e nunca havia menstruado, ovulou aleatoriamente e engravidou. Uma gestação de gêmeos. Sabe-se que é imprevisível o que pode ocorrer num caso destes com a mãe prematura. Um dos riscos possíveis em qualquer gestação gemelar é o da rotura uterina. Se é comum em gestações normais, quanto mais em um útero infantil que crescerá numa pelve infantil. Do ponto de vista ético, é imperioso a um médico indicar a interrupção da gestação num caso como este. Eu não estou me referindo aqui a legalidade do chamado aborto "honoris causa", isto é o aborto em nome da honra ultrajada. Estou falando do aborto terapêutico, da salvação da vida da menor ultrajada e quase assassinada. Esse aborto não é em nome da honra e muito menos eugênico, que executa fetos considerados doentes. Esse aborto é uma prevenção da possível morte materna. Trata-se de preservar uma vida quase perdida. Numa sociedade que vê a pedofilia crescer no enlevo da evolução tecnológica, inclusive no seio das diversas igrejas, não há como ignorá-la. O padrasto cometeu um crime hediondo, E altamente blasfemo é o religioso, que no exercício de seu pastoreio, converte-se em lobo e devora suas ovelhas. Portanto aplaudo a equipe médica do Recife que com o salvou uma criança e denunciou a hipocrisia de todos os tempos.
Flávio Mussa Tavares
fmussa@mcampista.com.br

Um comentário:

Maria Amelia disse...

Parabéns, Flávio, pelo depoimento cristão!