sábado, 14 de março de 2009

A QUEM SEGUIMOS? Monitor Campista 07/03/2009

Quando eu era estudante universitário, refugiei-me temporariamente em movimentos de cunho radical. Certa vez meu Pai alertou-me sobre os riscos e eu lhe respondi com toda a empáfia da juventude: -Sigo idéias e não pessoas! Mas e cresci e descobri que jamais segui idéias, simplesmente por que sempre que pensei seguir algum ideal, eu o absorvi através da ótica de alguém. E esse alguém é sempre persuasivo e magnético. Todas as idéias pelas quais me apaixonei: o Espiritismo, o Socialismo, a Homeopatia e agora, a Psiquiatria, foram personificadas em um personagem marcante em minha vida, como um mito. Muito tempo passou até que eu percebesse que a personalidade humana é frágil e que procura moldar-se através do exemplo, da admiração, das boas impressões que certas pessoas deixam em nossas vidas. Todos temos heróis. “Meus heróis morreram de overdose”, é o trecho de uma canção de Cazuza cantada e repetida por muitos jovens. Eu já tive heróis mortais. E suas idéias eram tão mortais quanto eles. Quando Jesus liberou seus discípulos de o seguirem, Pedro num momento de lucidez espiritual respondeu com outra pergunta:- Senhor, para quem iremos nós?(Jo 6:68) Percebeu ele, nesse insight, aquilo que nossa arrogância não nos permite reconhecer. Sempre seguimos pessoas e não idéias. Modelos, ídolos, heróis, de uma forma ou de outra, os seguimos mais ou menos inconscientemente. A primeira fase de maturação é reconhecer que temos seguido pessoas. A segunda é saber se estas pessoas são mortais ou imortais. Caso tenhamos a coragem de Cazuza de declarar que nossos heróis morreram, podemos passar à terceira fase. É a fase da lucidez de Pedro, de caminhar em direção a um imortal. Mortal é aquele que luta por coisas transitórias, relativas. Imortal é o que luta por algo transcendente. Paulo disse que combateu o bom combate e que sabia em quem tinha crido. Portanto, é fundamental que saibamos quem tem sido os nossos heróis. A quem seguimos? Caso já tenhamos abandonado a jactanciosa opinião de que seguimos apenas idéias, é importante ter consciência clara para identificar quem tem sido os luminares de nossa vida. E perceber se sua luz é a luz numenal de Kant ou se são trevas.
Flávio Mussa Tavares
fmussa@mcampista.com.br

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